Devido ao fenômeno da reprogressão (Miller Paiva e tal - 1968), o ser humano ficou exageradamente dependente dos pais. Essa dependência concorreu para exacerbar o medo de ser abandonado - daí o Mito do Eterno Abandono. Esse mito é causador de uma insegurança ontológica ou da angústia existencial. O indivíduo reage a esse abandono, praticando a repetição compulsiva, que dificulta a compreensão e favorece análises terapêuticas intermináveis ou reação terapêutica negativa.
A inveja inata, ódio à figura combinada persecutória (mãe e pai combinados), é característica do hominidae, em decorrência do maior desenvolvimento do cérebro pré-frontal, das conexões dendríticas, da maior capacidade química dos neurônios e da formação do superego.
O estudo da mitologia nos ilustra muitos conflitos inconscientes e conscientes sofridos pelo homem através dos tempos. Tal o caso de Perseu ao enfrentar as fúrias (Megera, Alecto e Tisífone) para matar a Medusa ou Gorgona, representante máxima da mãe fálica e má e assim tornar-se livre para a boa execução do ato genital. O quadro de Dorothéa Tanning denominado “Noite Nupcial” é o mais explícito, quanto ao medo do homem no coito. Orfeu que, perdendo Euridice (esta, fugindo do sedutor Aristeu, foi picada por uma cobra e veio a falecer; simbolicamente o medo de prevaricar), tornou-se misântropo e fixado na figura de Euridice. Prosérpina prometeu que se ele não olhasse para trás, Euridice reviveria e iria juntar-se a ele, todavia, o seu tanatismo não o permitiu ser feliz: juntou-se a sua amada e voltou a cabeça para trás... Orfeu não tolerou o abandono, que o levou a dissociar-se da sua parte inconsciente.
O abandono de Medéia, por seu marido Jasão, fê-la degolar todos os filhos de sua união com Jasão - predominou o sentimento filicida, similar a Nêmesis.
Essa condição do eterno abandono é decorrente da falta de amor, reverie, dedicação e afeição da mãe para com o filho, segundo a teoria bolwbiana (1984). Quanto mais distante da mãe, ficar a criança (até 3 anos), maior probabilidade terá de produzir fantasias agressivas ou mesmo assassinas à figura da mãe, principalmente quando nasce com ego frágil ou esburacado (Ammon, 1947), que irão produzir um intenso sentimento de culpa.
Cada vez mais tem-se valorizado os períodos de molde na formação da personalidade e, principalmente, no comportamento agressivo. Nós, psicanalistas, temos poucos pacientes nos quais podemos observar o comportamento assassino, decorrente de traumas nos períodos de molde, mas o suficiente para entendermos a mente assassina.
O estudo de 4.269 nascimentos, feito por pesquisadores de Los Angeles e da Dinamarca, veio mostrar que as crianças rejeitadas pelas mães e que tiveram, também, traumas de nascimento, cometiam assassinatos violentos, principalmente na adolescência (aos 18 anos, no cume da curva estatística) (Reine et al, 1994).
Esse estudo estatístico, orientado por Mednick (1994), veio, portanto, confirmar as nossas observações clínicas - a importância do amor e de segurança, nos períodos de molde.
O ódio, enquanto relação com o objeto, é mais antigo que o amor, e provém do repúdio originário que o ego narcísico tem ao mundo externo. É somente com o estabelecimento da organização genital que o amor se torna oposto ao ódio porque, em geral, amor e ódio são irmãos; o oposto ao amor é a indiferença, daí o intenso sofrimento do paciente com Doença do Neutro (Miller Paiva, 1995 - 1996). Muitas vezes, romper com o analista, é conservá-lo, e isso não é a mesma coisa que separar-se dele, fato que sói ocorrer, na reação terapêutica negativa.
Uma das mais graves angústias de abandono é decorrente do sentimento filicida, que está ligado (tipo bumerangue) ao parricídio.
O sentimento paranóico do homem (Koestler-1969 e Squilassi-1992) seria consequente de um estado desagradável de medo, ligado a algo não claramente identificado, similar à culpa ancestral que, para nós, seria a culpa inconsciente por ter tido fantasias hostís aos pais, no período de molde.
A formação, durante a evolução de um córtex de dimensões consideráveis entre os mamíferos inferiores, pode ser considerada como a tentativa que a natureza faz de dotar o cérebro reptiliano de uma “calota pensante”, e libertar os animais, e comportamentos estereotipados inadequados. É como se o cérebro reptiliano estivesse sob a dependência de um superego ancestral. Haveria uma dependência neurótica, pois, de fato, não se acha equipado para se adaptar a situações novas.
Na neurose obsessiva, a compulsão parece ser um ato automático necessário e quase inconsciente (estrutura primária devido a defesa do sistema nervoso, no cérebro reptiliano), pela necessidade de defender-se da culpa inconsciente; todavia, “separar-se”, em psicanálise, pode ter dois sentidos: o da simples separação, mas com as conseqüentes reações afetivas e, segundo, o de ser sentido, tal como uma perda de parte do ego, como sói acontecer nas ausências reais do terapeuta (Miller Paiva, 1987).
A Compulsão à repetição é ansiedade, associada à dependência do objeto primário, reativando a situação mais arcaica de inveja. O ódio e a ambivalência resultantes, com seu desdobramento inevitável em culpa e depressão, tornam-se intoleráveis. A repetição parece sobrepujar o princípio do prazer.
Na Doença do Neutro, o paciente necessita repetir a sensação de abandono, e para tal, utiliza-se da agressão ao analista - a necessidade de ser novamente abandonado.
O mito do eterno abandono (Miller Paiva, 1997) somente se torna real, na medida em que repete um arquétipo, assim a realidade, só é atingida pela repetição.
Uma paciente desejava ter relações sexuais com o analista, para então, ao repetir esse desejo, não recordar o seu desejo incestuoso, e sim, para repetir, mesmo em lugar de recordar, certas situações de sua infância, nas quais, sentia-se marginalizada, excluída do triângulo amoroso; ela desejava ser agora, a primeira desse triângulo, na figura do analista. O resistido foi a vivência da cena primária, com angústias paranóides. Em “acting-out”, com outro homem, tornou-se frígida. O enamoramento com o analista, seria resistência a não recordar a sua exclusão do triângulo dos pais.
Estamos com Amate-Mehler (1996) e Galdini (1982): a repetição compulsiva (similar ao impulso do obsessivo ou do toxicômano) é primária, em conseqüência de defeito estrutural específico do sistema nervoso, acarretando insegurança ontológica ou ego frágil (conseqüência da excitabilidade do cérebro reptiliano) devido a fator genético, e exacerbado nos períodos de molde, como sói ocorrer na foraclusão Lacaneana; daí a dificuldade de se fazer psicanálise nas psicoses.
Tal como o salmão desova a milhares de metros de distância ou o cão urina, demarcando o seu território, a compulsão, na neurose obsessiva, tem muito de instintivo, daí a sua melhora também, com determinados medicamentos que tonificam o tronco cerebral (cérebro reptiliano).
Em dois grupos, tivemos pacientes com síndromes clínicas que nos levaram a focalizar, com muita atenção, o problema do eterno abandono. Todos esses pacientes sofreram abandono da mãe ou, então, a fantasia de ser abandonado, tanto pela mãe, como pelo pai, produzindo síndromes diversas.
Na clínica, temos inúmeros exemplos de atitudes de obsessão compulsiva. Caso 1 - Ao se elogiar algo de bom que o paciente tenha trazido, significando maturidade (paciente, que ficara 2 anos somente se lamuriando e reclamando do terapeuta), ele retruca imediatamente, dizendo: “não, não é bem assim”; tal como quem ri na sexta, irá chorar no domingo... Está tão impregnado o instinto de morte, que não lhe é permitido se sentir melhor e com direito de ser feliz. Caso 2 - No caso de pânico (que é muitas vezes fantasia inconsciente de assassinar os pais), uma paciente parou o carro na marginal e telefonou para que sua mãe viesse buscá-la, tal a necessidade de vê-la viva e que lhe desse proteção, visto a sensação de abandono ser intensa, decorrente da culpa de fantasiar o assassinato da mãe. Caso 3 - Paciente de 40 anos, comerciante, casado com filhos, veio à consulta por causa da síndrome de pânico. Estava tomando clorimipramina e ansiolítico, melhorando das crises. Durante a grupanálise, revelou o intenso ódio a seu pai. Trabalhava sob o controle do pai e este era agressivo, indelicado e impulsivo, fazendo urdidura tanática entre ele e os seus irmãos. A sua queixa era de ódio e impossibilidade de aceitar seu pai.Nesse período, submeteu-se a insulinoterapia durante 10 dias e psicoterapia com uma freira, piorando. Há 4 anos, foi à Brasilia e sentiu-se aborrecida, agravando o seu estado depressivo - ansioso. Sempre teve medo de viajar, seja de avião ou de trem. Há 3 anos, mora com a mãe, porém acha que ela vai morrer. Em 1988, veio nos procurar, novamente, por estar há alguns anos, com Síndrome de Sjogren, atingindo seriamente as parótidas e púrpura. Como não melhorasse, resolveu submeter-se à psicoterapia.
No momento, sofre de púrpura nas pernas, depressão incontrolável (fel na alma), dificuldade no respirar, medo exagerado, tremendamente indecisa, narina frequentemente entupida, alternando com secura intensa, sufocação, frequentes gripes com febre de 37 graus, advindo prostação e pele arrepiada; toma Meticorten, bronco-dilatores e Lexotan 3 mgs., melhorando. Há poucos mêses, teve pleurisia com derrame (repetindo o que ocorrera ha 1 ano atrás), tendo produzido queda de cabelo, edema e crises repetidas de febre, dor no torax e dificuldade de respirar. Tomou o Meticorten, 20 mg, em dias alternados.
Antecedentes pessoais - hepatite, apendicectomia e amidalectomia. Durante a sua gestação, sua mãe teve ameaça de aborto. Nasceu de 7 meses. Mãe não teve lactação. Vômitava a mamadeira e tudo que engolia; sua mãe se desesperava.Sempre fora uma criança medrosa, sensível (chorona) , tímida e com muito ciúmes da mãe.
Mãe pouca afetiva, apática, governada pelo marido. Pai amoroso, mas muito severo. Gostava mais do pai. Na escola, deu-se bem. Era muito estudiosa. Menarca aos 13 anos, subsequentes 3/35-40, com tensão (mastalgia, estufamento abdominal, tristeza, irritabilidade e constipação) - MX 11 e M.9. Reflexo patelar discretamente diminuido. Longelinea Peso: 60 Alt.: 1,70.Pai e tios paternos longelíneos stilineanos, dois com T.P. Concluímos: trata-se de Neurose ansiosa - depressiva - astenia, com manifestações histéricas, agorofóbicas e síndrome de Sjogren.
Durante o tratamento de grupanálise, todas as vezes que brigava com o namorado (14 vezes) aparecia tumor na parótida. Demorou muitos meses para ter relação genital com o namorado, pois julgava que não era normal e sim masculinizada ou com sexo indefinido. Após o coito, sentiu-se melhor e passou até já ter orgasmo. Todavia, continuava infeliz e com muito medo do futuro e da solidão. Tentou inúmeras vezes separar-se do seu namorado, porém não conseguia; contudo, após sentir-se mais segura, na transferência para com o terapeuta e grupo, conseguiu romper a ligação e não mais teve tumor na parótida e púrpura, embora seu clínico insistisse em usar os corticóides, periodicamente. Caso 5 - Retrocolite ulterativa: Sra. de 53 anos veio à consulta por ser portadora de retrocolite ulcerativa e falta de absorção intestinal às vitaminas e aos minerais. A sua doença começou após ter-se doado extremamente a sua amiga, fazendo um projeto de um Instituto Pedagógico, e sua amiga não lhe agradeceu. Ficou tão desapontada, que não encontrou-se mais com a “amiga”. Tomava cortisona, fazia regime e tomava vitaminas. Com o decorrer da análise, revelou que sua mãe a abandonou, quando ela tinha 8 meses, suspendendo a lactação. Sempre fora submissa ao marido, portador de uma neurose obsessiva grave. Com o decorrer da grupanálise (2 anos), desapareceram as hemorragias instestinais, tornando-se mais compreensiva e tolerante para com o marido e filhos. Os seus sonhos mostraram os seus conflitos de abandono, motivo pelo qual, procurava ser “boazinha”, submissa, serva e tolerante, seja no trabalho, e na família. Uma vez, tendo tido mais segurança transferencial com o analista e grupo, tornou-se firme, lutando pelos seus direitos e perdoando sua mãe pelo abandono e indiferença afetiva.Caso 6 - Depressão endógena: Mulher de 30 anos, advogada, portadora de crises de tristeza, ansiedade (com aficção, taquicardia, falta de ar e dor precordial) e astenia neuro-circulatória. Trata-se com Parmate e Lexotan, prescritos pelo seu psiquiatra de retaguarda. Com o evoluir da grupanálise, revelou o abandono paternal (pai era psicótico, homossexual e com neurose de sucesso; sua mãe era indiferente, seca, não dando compreensão e afeto, subjugada pelo marido). Seus pais sempre diziam que não gostavam dela e não proporcionavam ajuda, nem para os seus estudos.
Durante a grupanálise, mostrou sua insegurança no trabalho, para com seu noivo. Chegava atrasada a todas as sessões individuais e grupais, embora tivesse sido interpretado que se chegasse e tivesse, por ventura, de esperar, sentir-se-ia muito rejeitada. A paciente revelou a sua dificuldade de ter orgasmo vaginal, pois tinha prazer no coito, porém somente por masturbação. Com o pênis não conseguia obter o gozo; este fato fora interpretado, através de seus sonhos, que a fantasia de destruir o pênis e o homem, era intensa (vagina dentata por orgasmo e morte).Com o evoluir da grupanálise, após 3 anos, começou a ter orgasmo vaginal, cujos sonhos já tinham revelado essa possibilidade, pois sentira o psicoterapeuta como pai bom, podendo aceitá-lo assim como o grupo no inter-relacionamento.
A pulsão de morte em grupanálise, que levaria ao sentimento de abandono, se verifica, principalmente na interação grupal; constituiria um arquigrupo (membros dominados por objetos tanáticos) formando a calamidade edípica e encantamento pela morte (devorador e destrutivo) ou um anti-grupo, no qual, o seu membro é privado de sua identidade, atacando-o e aumentando os seus conflitos, com os objetos maus internalizados e ainda não exorcizados. Nesses dois tipos de grupo, é difícil a formação do aparelho psíquico grupal (matriz grupal, onde os membros do grupo se comunicam verbalmente ou não, isto é, pela teleonomia (Fiumara, 1991) - direção do nosso comportamento pelo programa genético, no qual cada mente está em relação com a mente dos outros).
O obsessivo renega o “Nome do Pai” e o substitui pela “Lei do Seu Impulso”, impregnado de desafio, despeito e rebelião, tornando-se querelante.
Em trabalho anterior (Miller de Paiva, 1990) mostramos como o terapeuta deve estar atento às mensagens contraditórias do paciente sendo necessário reverter a perspectiva para se poder entender a dinâmica mental, naquele momento, e como usar a interpretação.
Na medida em que a mãe passa a conter as partes más do self do bebê, não é sentida com um ser separado, mas como self único e ruim. O mesmo ocorre na terapia, o ódio é, frequentemente dirigido ao terapeuta. Os pacientes podem apresentar características de onipotência e narcisismo com o fito de evitar sentimentos intensos de raiva invejosa da capacidade do terapeuta.
Como deseja que o terapeuta feche os olhos para o processo de evacuação mental e para negar os problemas, certos tipos de pacientes reagem às interpretações com ressentimento violento, é a transferência misconceptiva. O resultado é que eles sentem-se mais rejeitados, incompreendidos, culpados, deprimidos porque temem que suas repetidas projeções prejudiquem o terapeuta, com quem acabam se identificando, isto é, sentem-se danificados por esse processo bumerangue de auto-punição.
É como na matriz grupal perversa, os pacientes não trazem materiais de progressos alcançados e sim só falam das dores e insucessos, impedindo o crescimento mental. Os pacientes com essas matrizes perversas, isto é, núcleos psicóticos, procuram destruir o analista e o grupo, ou então, eles preservariam a vida se atacando, através de manterem a grupanálise longa e sem resultado. É um tributo que pagam para pouparem-se da destruição total (suicídio ou um mal maior), preferindo um mal menor - a neurose de sucesso ou a vitimologia.
Devemos salientar, o mais possível, a parte sadia do paciente recuperável, embora esta esteja perdida naquele momento; todavia, deverá acontecer um insight. Esta capacidade de tolerar a agressividade do paciente dependerá muito do analista pois ficando firme e seguro, (fornecendo holding e responsabilidade empática), ele transmitirá a confiança no processo terapêutico. Outrossim, é de valor extraordinário a transmissão de inconsciente para inconsciente quando este está sob o “estado de graça” (saturado de libido) - um estado de fé.
Somente a psicoterapia de base analítica, utilizando a função alfa bioniana, reverie, estimulando a inter-subjetividade do paciente, isto é, técnicas empáticas e não somente interpretativas, poderiam auxiliar esses indivíduos com distúrbios do comportamento. Todavia, todas as modificações técnicas não substituem o trabalho transferencial cuidadoso que pode ser gratificante, principalmente quando os portadores de núcleos psicóticos obsessivos conseguem persistir durante anos a psicoterapia e adquirirem certa maturidade emocional.
No mito do eterno abandono, o “holding”, segundo Winnicott (1965), deve ser utilizado, propiciando ao analisando, condições exteriores favoráveis, sob a forma de um equivalente aos cuidados maternos primários, permitindo assim que o desejo de crescer se restabeleça. A técnica, utilizando a análise na regressão, tem sido útil principalmente para que haja reprogressão. Balint (1965) descreve a personalidade ocnófila, cuja característica é a necessidade do analisando tocar, ter contato pessoal ou corporal com o analista, pelo medo de ser deixado ou abandonado. O terapeuta não deve rejeitar esse tipo de analisando, através das utilização de expressões ásperas não cordiais, e sim procurar ficar em certa distância formal. Nesse período, o analista deve acompanhar a regressão e interpretá-la discretamente, restabelecendo uma aliança de trabalho que permita analisar a reação do paciente, diante da separação (fim de semana, férias, etc.). Contitui momento útil e privilegiado para interpretar a situação transferencial.
É como o paciente com Doença do Neutro quando diz: “não consigo viver sozinho”, mas complementa: “não consigo me doar”.
Importante é o aparecimento, no analisando, do “portance” (Quinodoz,1993), capacidade de suportar e de elaborar a angústia de separação. O aparecimento do “portance” é similar ao que Grotstein (1991) denomina de “o cimento da auto-regulação”, é sentir que o aparelho psíquico está identificado com algo bom que suporta críticas (e não objeto idealizado). Para se ter “portance”, deve-se transformar o mito de Abrão: enxergar uma nova experiência religiosa, a fé em Deus (fé no trabalho analítico), em vez de culpar-se pelo sentimento filicida. Outrossim, é transformar a interpretação da Santa Ceia clássica, quando Jesus disse: “Quando o galo cantar, um de vós irá me delatar”, cujas fisionomias dos apóstolos tornaram-se transtornadas. Ao contrário, segundo o quadro de Salvador Dali - todos os apóstolos estão com as cabeças abaixadas, significando “todos seguiremos a sua doutrina” - é inverter o instinto de morte em instinto de vida!.
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