Capitulo 1

História, mitos e lendas. Considerações filosóficas sobre a vida


Luiz Miller de Paiva
Alina M. A. P. Nogueira da Silva

No “Gênesis”, o “Espírito-criador” está simbolizado pela voz que proíbe Adão, símbolo da humanidade que nasce, de comer o fruto da árvore do conhecimento (símbolo da intelectualização). Zeus cria o homem enquanto ser espiritual, capaz de escolha justa, animado do impulso evolutivo, do desejo essencial. O Titã cria o homem, enquanto ser material, capaz de escolha falsa, preso a terra-mãe, à matéria.

O emprego do fogo (Prometeu roubou-o de Júpiter, símbolo do conhecimento) marca um passo decisivo, senão a etapa mais importante, da intelectualização progressiva que, cada vez mais, afastará o homem de sua condição animal, tornando-o consciente, capaz de libertar-se da condição imediata do ambiente no qual foi criado.

No mito do Éden, a desobediência à proibição, que consiste em não comer a maçã proibida da árvore do conhecimento, é punida com a expulsão de Adão e Eva do paraíso terrestre. No mito de Édipo, a curiosidade do homem sobre si mesmo está representada pelo enigma da Esfinge: o desafio consiste na maneira obstinada e arrogante com que Édipo conclui que sua investigação, apesar das advertências de Tirésias, associa seu castigo à cegueira e desterro.

No mito de Babel, a curiosidade de alcançar o conhecimento (chegar ao céu - Deus) através da construção desafiadora de uma torre e de uma cidade é castigada com a confusão de línguas e com a destruição da capacidade de comunicação. Significativamente, a curiosidade, nos três mitos, tem a qualidade de ser um pecado. Dessa forma, os modelos para o conhecimento mental estão representados pela árvore do conhecimento, o enigma da Esfingee a torre de Babel.

Em sequência a esses mitos, a busca do saber encontra sua expressão no indivíduo, em cada etapa do crescimento e aquisição de conhecimento. A curiosidade estimula a busca do saber; a intolerância ao surgimento da dor e o temor ao desconhecido estimulam ações de resistência à busca de novos conhecimentos. Essa resistência se opõe ao descobrimento de novas verdades. Os mitos dão uma versão narrativa do problema, no qual os diferentes personagens, em sua inter-relação, desenvolvem o drama do homem e do grupo em sua busca da verdade, sobretudo quando a curiosidade e essa busca se referem a conhecimentos de si mesmo.

Diante disso, quanto mais fundo mergulhamos no mundo passado, mais descobrimos que a origem da humanidade é complexa e, muitas vezes, inexplorável. E, ao se falar em “verdade”, essa é essencial ao crescimento mental: sem verdade, o aparelho psíquico não se desenvolve e morre de inanição. Segundo o Antigo Testamento (1963):

“Quem anda pelas montanhas e não desce aos vales, e quem vive nos vales e não sobe as montanhas, não conhece os caminhos da vida”.

“Deus é procurado em toda a parte, por todos os povos, há milhares de anos e nunca foi encontrado: Ele se esconde dentro de nós”.

Os hebreus, possivelmente muito antes de seus períodos de cativeiro na Babilônia e Assíria, tiveram contato com as lendas e mitos sumério-acadianos e, por várias razões, os utilizaram na formulação de suas próprias lendas.
Em meados do século XIX, após a descoberta na antiga cidade de Nínive, da biblioteca do imperador assírio Assurbanipal (668-627 a.C.), o mundo redescobriu as antigas grandes civilizações da Mesopotâmia em tábuas de argila, contendo escritos em sinais, mais tarde denominados cuneiformes. Civilizações essas de que até então, o pouco que se conhecia estava contido nos livros da Bíblia, em informações “escassas e pouco reveladoras, uma vez que estavam diretamente relacionadas à história do povo hebreu”.

Tais descobertas iniciaram uma espécie de “corrida ao ouro bíblico”, que propunha evidenciar arqueologicamente as sagradas escrituras. Outras ruínas, então, como as de Uruk, Ur e Nipur, começaram a ser escavadas e revelaram mais inscrições sobre o passado do Oriente Próximo.

Mitos de Adão, Eva e Lilith

No Gênesis I, 1-28, nos aparece um Adão andrógeno, enquanto no espaço entre Gênesis I e II, se pode deduzir que Adão manifestava a sexualidade, acasalando-se com os animais. É somente no Gênesis II que o primeiro homem aparece, dotado de alma e capaz de conhecer a necessidade de possuir uma mulher. Deixou de ser Enkidu, coberto de pelos, musculoso e com força excepcional (ALMEIDA, 1976).

Em Gênesis II, 20: “... Mas para o homem não achou uma ajudante que fosse semelhante a ele”. No texto completo, em que está inserido este pensamento, fica clara a superação da sexualidade animal de Adão. A nosso ver, houve mutação na escala animal, daí o aparecimento, na Terra, do homem, no qual deve ter se processado e desenvolvido o cérebro pré-frontal, as conexões entre os dendritos do cérebro, além do aumento da bioquímica cerebral, fazendo surgir um superego e, assim, o consequente sentimento de culpa.

Naqueles anos, depois de ser expulso do Jardim do Éden, Adão, o primeiro homem, gerou espíritos, demônios noturnos machos e fêmeas, ou Liliths com fantasias eróticas.

De a Torá (o Ensinamento) e dos Midrashim (a Procura) contidos na Misnach (coleção de Códigos) são certamente dos rabinos iluminados pelo carisma e pela fé, mas são também os testemunhos de lendas, mitos, sagas, alegorias e usos folclóricos populares (DEEPAK-CHOPRA, 2009).

Nas Escrituras, se pode buscar a presença de Lilith como primeira companheira. Ao que parece, muitos estudiosos e especialistas do Gênesis se dedicaram à procura de “provas” e até Reik, para justificar o seu enfoque de Lilith, saiu-se com esta rápida observação a propósito das duas versões bíblicas: “o nosso primeiríssimo ancestral deveria ser um viúvo ou um divorciado, quando o Senhor lhe conduziu Eva. Ou, talvez, Adão tivesse, contemporaneamente, duas mulheres. Isso poderia harmonizar as duas versões bíblicas”. Lilith, para nós, nasce, talvez, do sonho ou da narrativa dos rabinos, da necessidade ou da fantasia coletiva. Deus, então, criou Lilith, mas usando fezes e imundície, ao invés de pó puro, o que provocava em Adão uma sensação desagradável e angustiante.

Sangue e saliva pertencem à “mulher da primeira vez”, o que fez Adão se afastar, desgostoso, isto é, amedrontado, por isso Deus teve que criar a mulher, uma segunda vez, e essa foi Eva. (ALMEIDA, 1972).

Lilith, demônio feminino da noite, sobrevoa como mito a Suméria, Babilônia, Assíria, Cananeia, Pérsia e as culturas Hebráica, Árabe e Teutônica. Na Suméria, ela foi, a princípio, Lil, uma tempestade destruidora ou espírito do vento. Entre os semitas da Mesopotâmia, ela ficou conhecida como Lilith, que, ao confabular com layil (a palavra hebraica para noite) ou lulti = lascívia, um demônio noturno que agarra os homens e as mulheres que dormem sozinhos, provocando-lhes sonhos eróticos e orgasmos noturnos. Uma prostituta, de cujos lábios jorra o mel, chamada Serpente Tortuosa, seduz os homens a seguirem caminhos tortuosos. Os cabalistas dizem que é através do mistério do deus Adorno que ela pode seduzir os homens; Com o tempo, Lilith abandona Samael, o marido de sua juventude. Com receio de que Lilith e Samael infestassem o mundo com sua prole demoníaca, Deus castrou Samael. (ANDERSON, C.M et al, 2002)

Origem mesopotâmica

Considerando a sua forma tardia (século VII a.C.), como é
difundida no Ocidente, esses mitos não fogem à regra das obras de origem mesopotâmica: um compilado de lendas e poemas, cuja origem e veracidade perdem-se na difusão oral, adaptação cultural e textos fragmentados.
As narrativas contidas na epopeia deviam ser muito populares em sua época, pois são encontradas em várias versões escritas por vários povos e línguas diferentes. As primeiras versões da mesma datam do Período Babilônico Antigo (2000-1600 a.C.), podendo ter surgido muito antes, pois o herói desta epopeia é o lendário rei sumério, Gilgamesh, quinto rei da primeira dinastia pós-diluviana de Uruk, que teria vivido no período protodinástico II (2750-2600 a.C.).

O trabalho de decifração foi realizado por vários pesquisadores, mas coube ao arqueólogo britânico George Smith, a primeira tradução, contendo um trecho da Epopeia de Gilgamesh: o relato do dilúvio. Em 1872, Smith anuncia sua descoberta, em um encontro da Sociedade de Arqueologia Bíblica, causando um “forte impacto na Europa por apresentar um texto pagão, aparentemente antecipando a Arca de Noé”.

Essas descobertas abalaram toda a comunidade científica e religiosa do século XIX, laicizando muitos dos objetivos iniciais, modificando métodos dos pesquisadores e abrindo precedentes para o questionamento da veracidade dos textos bíblicos.

“TIAMAT”, deusa do Caos de Enuma Elish, grande poema épico da literatura babilônica, narra que foi destituída por Marduk, criador da nova ordem mundial, evitando o caos para salvar o seu governo, como dominação da entropia e a “beleza ordenada”, predominando a monogamia, além da imposição da inibição da territorialidade e a criminalidade.

Aparece, nesse período, a mais antiga obra literária da humanidade, a “Epopeia de Gilgamesh”, que pode ser assim contada: o rei Gilgamesh, sabendo da existência de Enkidu, incube uma missão a uma das prostitutas sagradas do templo da deusa Ishtar (deusa do amor e da fertilidade): seduzir Enkidu para fazê-lo perder sua inocência, além de seu poder selvagem, tornando-se conhecedor da malícia do homem. Arrependido, lamenta-se, mas a rameira consola-o enfatizando as vantagens dessa nova vida que está por vir.

Enkidu, já na cidade de Uruk, enfrenta o rei Gilgamesh em combate e, vencendo- o, é reconhecido pelo rei como irmão, pois esse jamais havia enfrentado alguém com tamanha força. Forma-se então uma grande amizade que protagoniza grandes aventuras e tragédias ao longo da epopeia.

Gilgamesh e Enkidu partiram para a floresta de cedros (provavelmente, o atual Líbano), onde enfrentariam o monstro Humbaba, a sentinela da floresta.

O povo de Uruk, descontente com a arrogância e luxúria do rei Gilgamesh, exige de seus deuses a criação de um homem que fosse o reflexo do rei, e tão poderoso quanto ele, para que pudesse enfrentá-lo e redimi-lo. O deus Anu, ouvindo o lamento da população, ordenou a Aruru, deusa da criação, que conquistasse Enkidu.

Paralelamente às discussões bíblicas, as descobertas feitas pelas escavações remontam aos três milênios que antecedem a Cristo, onde a região entre os rios Tigre e Eufrates viu a ascensão e queda de grandes civilizações como os sumérios, acádios, assírios e babilônicos.

Dos textos traduzidos, vários deles incompletos devido ao seu estado de conservação, pôde-se extrair muito da filosofia e da mitologia mesopotâmicas: observa- se que “a saga histórica contida na bíblia não foi uma revelação miraculosa, mas um brilhante produto da imaginação humana”!

No cerimonial da “Cova da morte do Cemitério de Ur” (Bion, 1973) com o “Saque da Tumba Real”, 2500 anos antes de Cristo, em cujo cerimonial os criados eram mortos com o soberano e os nobres utilizavam haxixe para adormecer e descansar a própria imundície, em pacto mortífero: essa união poderosa é a força emocional cultural, religiosa, do aparelho psíquico grupal, se autodestruindo no útero materno (Tumba – símbolo uterino).

Vejamos como a humanidade não cresceu suficientemente e continuou com o instinto de morte, pois a mesma cerimônia de morte ocorreu (depois de 3500 anos) na América Latina, na Guiana, quando um ministro religioso influenciou o pacto de morte, utilizando também o haxixe ou ayahuasca: todos se suicidaram.

O mito de Édipo

Oedipus, na mitologia grega, foi o filho do rei Laius e da rainha Jocasta de Tebas. Laius soube, através de um oráculo, que seu filho iria matá-lo e, por isso, quando Oedipus nasceu, ele perfurou os tornozelos da criança com um gancho (daí o nome de Oedipus – pés inchados) e o expôs no Monte Citherion. Porém, a criança foi encontrada por um camponês Corintiano, o qual a levou para o rei Polybus de Corinto. Polybus e sua mulher Mesopa, que não tinham filhos, criaram Oedipus como se ele fosse seu próprio filho.

Quando Oedipus era um jovem, um companheiro perguntou-lhe se era um enjeitado. Apesar de seus pais lhe assegurarem que ele era seu filho legítimo, Oedipus continuou na dúvida e, por isso, foi a Delfos para perguntar a Apolo quem eram seus pais. Apolo replicou que Oedipus estava destinado a matar seu pai e a casar-se com sua mãe. Pensando que o deus referia-se a Polybus e Mesopa, Oedipus decidiu não voltar a Corinto, deixando Delfos, e matou um homem (Laius/seu pai, rei de Tebas), que tentou forçá-lo a sair da estrada para deixá-lo passar. Indo para Tebas, ele libertou a cidade da Esfinge, decifrando seu enigma: qual o animal que de manhã anda com quatro pés, ao meio-dia com dois e à noite com três? Como recompensa, os Tebanos o fizeram seu rei e Oedipus casou-se com a viúva do rei Laius, Jocasta, com a qual teve dele quatro filhos: Antígone, Ismene, Eteocles e Polinice. Depois de algum tempo, peste enviada pelos deuses invadiu Tebas. Oedipus ficou sabendo que o assassino de Laius estava na cidade. Investigando o assassinato, Oedipus descobre que ele era o assassino e que havia realizado a predição do oráculo, casando-se com sua própria mãe. Jocasta enforcou-se ao saber a verdade. Oedipus cegou a si mesmo pelo seu parricídio e incesto.

Esse é o mito mais importante de todos para a compreensão da dinâmica da criatividade. Quando liberado, ele constitui a mais significante fonte de energia mental, como mito dinâmico, porém, quando compondo o complexo de Oedipus, ele é, pelo contrário, o maior inibidor da mente humana e, portanto, do progresso.
Zeus, sob forma de “chuva de ouro”, fecundou a filha de Acrísio, dando origem a Perseu. Acrísio, impedindo o casamento, colocou a filha num cofre de madeira e jogou- a no mar, indo à ilha de Séribos, cujo rei Polidetes desejou Danae. Impedida por Perseu, Acrísio deu a ele a incumbência de trazer a cabeça de Medusa – que foi iniciadora do Complexo de Oedipus.

O mito do Minotauro

Minotauro é fantasia inconsciente que um bebê tem dos pais, combinados e perseguidores, embora controlador do pênis paterno no seu interior assustado (GROTSTEIN, 2003).

Ele deve resgatar por si mesmo os bons pais desse demônio mítico – é a lei de Lacan, surgindo nesse período de sonhos com dragões ou com enguias e outros monstros.

O labirinto representa o inconsciente (ele foi construído por Dédalo para conter o Minotauro, que sempre guardou o segredo vergonhoso da família que acarretava a MOIRA – destruição, vergonha e desgosto).

Klein (1964), através dos estudos sobre brinquedos do bebê, conclui que o “corpo da mãe tem o falo do pai”, similar, portanto, à lenda do labirinto e do Minotauro. Interessante é que o Teseu, destruindo o Minotauro, se esqueceu de trocar as velas negras do seu navio, como tinha combinado com o pai, rei Egeu. Este se suicidou, achando que o filho estivesse morto!

O mito do Minotauro sugere que o macho precisa ter coragem de entrar no labirinto e desafiar todos os objetos internos demoníacos, inclusive, a mãe fálica: constatamos aqui o pavor dos jovens em sua primeira relação genital, que tinham uma recordação do complexo de castração diante da “vagina dentada”.
Juntos, labirinto e Minotauro representam demônios persecutórios, sentidos durante a criação do bebê, que devem ser procurados, confrontados pelo analista e derrotados, através das interpretações simbólicas, sinceras e firmes, com fé, no presente.

Uma experiência mal sucedida de apego pode desencadear a confusão entre os objetos internos amados, porém destruidores.

Pensamos, entretanto, nos que nascem com um ego forte (não esburacado e repleto de rêverie dos pais) e que poderão passar por essa trajetória, inconscientemente, apesar do medo da castração ou competição, com o maior sucesso! Em outro exemplo da mitologia temos (como vimos no “labirinto e Minotauro”) a fantasia de que o bebê tem a impressão de que o pênis anal do pai castiga (enraba) a mãe, e ele, bebê, sofre uma luta no interior do útero – é o MINUS e PASIFAE, com sexualidade selvagem, cuja sentinela seria uma “cobra-dragão”, casal combinado que é sempre perseguidor.

As primeiras semanas de vida são muito importantes para o recém-nascido, principalmente sob o ponto de vista imunológico, pela imaturidade enzimatológica. Por exemplo, o aparecimento da fenilcetonúria como deficiência mental genética, se não tratada precocemente, independentemente do seu superego, que pode estar prolongado após o nascer e fantasiar a existência do Minotauro.

O Mito de Narciso

Narciso era filho do deus do rio Céfiso e da ninfa Liríope. Logo após seu nascimento, seus pais consultaram o oráculo Tirésias para saber qual seria o destino do filho. A resposta foi a de que ele teria uma longa vida, se nunca enxergasse o próprio rosto.

Muitas ninfas e jovens apaixonaram-se por Narciso, quando ele se tornou adulto. Mas o belo jovem não se interessou por nenhuma delas. A ninfa Eco, uma das mais apaixonadas, não se conformou com a indiferença de Narciso e decidiu afastar-se para um lugar deserto. As outras moças, sentindo-se desprezadas, resolveram pedir aos deuses uma vingança.

Nêmesis, com pena delas, fez com que Narciso, depois de uma caçada num dia muito quente, se debruçasse sobre uma fonte para beber água. Ele permaneceu imóvel olhando seu rosto refletido e, assim, morreu.

Mito da esterilidade

O homem normal e de bom caráter absorve o copy stile pelo exemplo dos pais, parentes, professores, amigos não obsessivos e narcisistas. Ele amadurecido, não deixaria de ter vontade de “dormir com a Miss Brasil”. O canto das sereias não funcionou, pois Ulisses era sagaz, corajoso, ardiloso, mas era modesto e humilde, apesar da sedução das ninfas, demonstrando intensa fidelidade à Penélope.

O mito da Esterilidade é orientado pelo Xamã, na África, e procede da seguinte maneira: o casal estéril faz um buraco na terra e penetra nela; ao entrar, come algo fornecido pelo xamã e,  ao sair, do outro lado do buraco, ingere antes o alimento e vai morar em uma casa na qual existe uma franga; se ela botar ovo, haverá gestação.

O mito de Psique é encontrado na falta do orgasmo vaginal. Psique fora enviada pelo oráculo às núpcias da morte. À noite, apareceu na escuridão com marido invisível, o monstro, que não podia ser visto; é o não enxergar a fantasia de morte sobre o homem para chegar ao orgasmo vaginal. Os irmãos de Psique convenceram a irmã a vê-lo.

Ela foi avisada de que era um réptil de tortuosos anéis, pescoço estufado, de baba sanguinolenta, pronto a devorá-la, mas suas irmãs induziram-na a matá-lo e, ao fazê-lo, iluminou seu perfil, observando, então, a beleza sem igual. Com isso, Eros não mais tentou o suicídio e Psique aceitou o convite do Deus Pai, orou para o cupido e reconciliou-se com Afrodite. Esta induziu Psique, ao sair dessa fase mais primitiva da humanidade, a executar quatro tarefas: sair da hybris (perder orgulho e inveja), ter humildade, paciência, além de adquirir capacidade de elevação do espírito e, finalmente, trazer do inferno, a morte simbólica, a caixa com a formosura de Perséfone para matar dentro dela a parte que a impedia de amar.