Psicossomática do Terceiro Milênio

Congresso Brasileiro de Medicina Psicossomática
Recife – 1º de Maio de 1998.

Prof.Dr.Luiz Miller de Paiva
Alina M. A. P. Nogueira da Silva

“.... La medicine de hoy, com su dureza, com la escasez de amor al indivíduo, com los análisis y las radiográfias inutiles, y no dóciles auxiliares del buen juicio, volverá a sus cauces, como vuelve to lo que es fundamentalmente imperfecto; y outra vez presidirá a la medicina el  signo del amor, tanto más vivo cuanto más eficaces sean los progressos de la ciencia”. (Gragorio Marañon)

A evolução dos conhecimentos de psicopatologia nos levou a admitir que a divisão (dicotomia) entre psíquico e orgânico tornou-se ainda menor, devido ao aparecimento  de um intermediário – alteração estrutural. Patterson (1), descobriu, através do “high-speed digital eletronic”, que o pensamento do esquizofrênico é diferente do indivíduo normal. Aliás, no VII Congresso Brasileiro de Medicina Psicossomática, em Belo Horizonte, em 1990, escrevemos:

“Em uma reunião de Clínica Médica, na Escola Paulista de Medicina, os Prof. Edgard Atra e Feres Secaf fizeram exposições sobre a doença de Sjogren, projetando slides cintilantes e video-tapes da tomografia do coração e cérebro, parecendo mais uma aula de Museu de Arte, tal a “beleza do colorido”. No final, comentamos a importância da tomografia computadorizada do cérebro, principalmente da Positron Emission (PET), para o diagnóstico diferencial da esclerose cerebral e esquizofrenia pré-frontal. Disse o prof. Feres Secaf: “isso não é nada, a tomografia pode até saber sobre o pensamento”. Muitos riram! Respondemos que, através da tomografia marcada pela flurodesoxiglicose poderíamos averiguar o grau de comprometimento do neurônio. Em um pensamento confuso, haveria aumento de bufotenina ou da taraxeina, em um pensamento agressivo, aumento da nor-epinefrina, em um pensamento ansioso, o do antigabamodulínico, etc. A prolactina está baixa nos esquizofrênicos, mas na meditação zenbudista aumenta. Exagerando, poderíamos dizer: “até o bom ou mau pensamento poderá ser detectado...”. Eis a psicossomática do novo milênio.

Enxergar em detalhes dentro do corpo humano será uma tecnologia factível e o início de uma nova era, cem anos depois da descoberta dos raios X, a era do Imageamento Funcional. Essa era significa poder observar algo acontecendo dinamicamente dentro de um órgão. A espectroscopia da ressonância magnética (MRS) começou com campos magnéticos na ordem de 0,35 teslas de magnetismo (invisíveis ao olho humano) e agora já existem máquinas de 7 T onde vai ser possível captar detalhes da atividade celular. Por outro lado, a tomografia axial computadorizada (CAT) fatia o corpo, passo a passo, e a PET (por emissão de prótons), cuja radiação surgida da trombada da matéria com a anti-matéria (do aniquilamento pósitrons, ao trombamento com elétrons) excita os átomos do corpo e, produz o efeito chamado ressonância, que serve de base à imagem (átomos que ressoam são do hidrogênio presente na molécula d’água e o organismo tem 75% de água).

Essas novas técnicas mostraram que o esquizofrênico sofre aumento do ventrículo e alterações no corpo caloso e “torque” telencefálico, levando a assimetria do rostro-caudal (2) como, também, alterações no lobo médio temporal esquerdo (3), no lobo pré-frontal (4) e, depois de 2 anos de doença (5) ou durante a tarefa cognitiva (59), há baixa atividade metabólica nesses lobos, com hiperatividade relativa dos gânglios de base – neostriatum. Esse fato vem mostrar como, no início, o processo é puramente bioquímico, pois, pela técnica imunocitoquímica, o uso para detectar a proteína produzida pelo processo degenerativo, a ubiquitin (6) (ou ubiquinona oxiredutase), não se altera, porém a enzima nicotinamida – adenina – dinúcleotidefosfatase – diaforase, que mede a atividade cortical, está diminuída no cortex do esquizo (7) e a colecistocinina pode causar pânico, quando aumentada no sistema nervoso, assim como, a oxitocina fica acrescida, no liquor de certos portadores de obsessão compulsiva (3).

Há maior fluxo sangüíneo no temporal e área frontal dos indivíduos sofrendo maior intensidade de alucinações. Estes novos conhecimentos vieram ajudar a se fazer um diagnóstico mais preciso e assim melhorar a qualidade de vida, com as seguintes técnicas mais apuradas (inalação de Xenônio 133, para medir o fluxo sangüíneo, HMPAO – Spect ou hexa metil propilénio – aminoxime, e fluorodeoxiglicose + PET, para medir o metabolismo do neurônio). (5) (8), tornou-se mais evidentes os diagnósticos, principalmente neurológicos tais como: tumores, esclerose em placas, traumatismo, lesões, hemorragias isquêmicas etc. (9). Antes e depois do tratamento com imipramina, verificou-se também, na neurose obsessiva compulsiva, um aumento do metabolismo nas regiões da órbito-frontal e núcleo caudato E. Com a provocação de sintomas obsessivos – compulsivos, houve aumento do fluxo na região do núcleo caudato, cíngulo e cortex órbito-frontal (10) (8) (11) (12) (13). Além disso, a redescoberta da importância do cérebro reptiliano no desenlace do comportamento humano, haja vista a repetição compulsiva(14) (15) em cães, que pode ser suspensa pelo tratamento com fluoxetina; o mesmo se dá com o “grooming” nos animais. O carbonato de lítio, com ou sem divalproex, tem sido empregado para controlar a impulsividade agressiva, tanto em adultos, como nas crianças, principalmente quando associado a carbamazepina, ao lado da orientação educacional dos pais.

Não é essa repetição que é resistência, mas sim impulsos, constituindo a exteriorização; encontramo-la, com maior freqüência, nos narcisistas borderlines. Experiências nos mostram como os animais e, inclusive os toxicômanos, necessitam manter a homeostase e o bem estar, através de certa taxa de dopamina. (16)

Lagache (17) não aceita que a repetição compulsiva seja primária, isto é, esteja a serviço do instinto de morte, ao contrário, acha-a secundária, pois o conflito estaria entre a necessidade, princípio do prazer, e a realidade. Seria primária, se houvesse uma repetição da necessidade. A experiência de Zeigarnik nos mostra que, interrompida a tarefa, havia tendência ou a necessidade de vir e completá-la – a frustração resultante da interrupção intensifica a necessidade de completar a tarefa satisfatoriamente (17).

As experiências de Olds (18) mostram que o rato, com eletródio no hipotálamo anterior, continua ligando os eletródios para ter orgasmo contínuo, ao contrário, o estímulo do hipotálamo posterior causa desprazer. Na experiência de Justice (16): injeta-se cocaína em intervalos de 2’, 5’, 15’. Nos 15’ de intervalo, a dopamina aumentou. O rato ao escolher os intervalos preferiu o de 5’, pois nesse intervalo, as taxas de dopamina apresentavam-se baixas.

A função reguladora é instintiva, constitucional, automática, não simbólica e não intuitiva. No psiquismo humano, pode ou não haver especificidade (Estidade) (15,b), mas é psicossomática na sua esfera de ação com sinais e leis próprias. É separada da função simbólica e é regida pela homeostase.

Pensamos, portanto, que a repetição compulsiva (similar ao impulso do obsessivo ou do toxicômano) é primária, portanto, em conseqüência da estrutura patológica do sistema nervoso (insegurança ontológica ou ego frágil) devido a fator genético e exacerbado nos períodos de molde, como sói ocorrer na foraclusão Lacaneana; daí a dificuldade de se fazer psicanálise nas psicoses.

Aliás, como já assinalamos, Patterson (1) descobriu, através do high-speed digital electronic, que o pensamento do esquizofrênico é diferente do indivíduo normal. É possível, assim, explicar o distúrbio do pensamento e a foraclusão, e que dificultam a aplicação da psicanálise.

Grotstein (19) cita: "a mente é mais abrangente que a mente neurofisiológica  freudiana" e Junqueira (20) escreve: "inconsciente como continente de pré-concepções infinitas", são conceitos úteis para a compreensão das múltiplas facetas da patogenia das doenças mentais e psicossomáticas.

Sendo a repetição compulsiva de constituição primária, pensamos que os psicofármacos poderiam melhorar essa situação. Os hipomaníacos precisam ser regulados na sua exagerada psicomotilidade. Na depressão ou na doença do neutro (15,e), ao contrário, o paciente procura objeto para piorar a sua disforia. No pânico, por estar no “buraco negro”, fica inibido. Noataque de agressão, o indivíduo tem parco controle de seu impulso (realizado pelo núcleo amidalóide do hipocampo), então ao tornar-se impulsivo está querendo regular o seu estado de impotência e vulnerabilidade. A sua farmacologia interna (serotonina, endorfina, nor-epinefrina, etc.) é estimulada para reagir e enfrentar a fraqueza do ego.
Os traços de caráter são psicodinâmicos (simbólicos),também, por simples alterações nos neurotransmissores que levam a baixa ambição, encurtando os prazeres e exacerbando o mau humor.

As alterações mentais são pois bioquímicas e podem afetar a estrutura dos neurônios.
As pesquisas recentes sobre a psicofarmacologia têm ajudado a elucidar a etiopatogenia das psicoses e melhorar a qualidade de vida. Na esquizofrenia, a somatostatina e a  colecistocinina estão altas no lobo temporal e há baixa dos receptores da dopamina D2 com aumento dos glutamatos no lobo frontal e do N-acetil aspartato no hipocampo direito; há, também, aumento do 3° ventrículo, anormalidade no lobo pré-frontal, efeito oposto da dopamina no pré-frontal do esquizofrênico, pois ela apresenta-se diminuída, ao passo que, no núcleo accumbens estaria aumentada, dando hiperatividade no indivíduo. A risperidona e clozapina  atuariam nos fosfolipídeos da membrana (zona pré-frontal), como também agiriam na 5HT2, reduzindo os sintomas negativos, além de atuar no D2, amenizando os sintomas positivos; por outro lado, elas aumentam o nível de prolactina, atuariam também, em alfa 1, dando sedação e em alfa2 e H1, reduzindo a depressão. A beta-endorfina encontra-se diminuída nos estados depressivos e aumentada na mania; há baixa do SHIIA no liquor dos suicida e redução do neuropeptidio Y (nas regiões frontal e núcleo caudado), ácidos 5 hidroxindolacético e homovanílico, da somostatina e da GABA (21), confirmando as nossas observações, quanto a profilaxia das idéias suicidas(15,c). Na depressão, o VIP, peptideo vaso-ativo intestinal (dado este que serve para distinguir a impotência masculina orgânica da psicogênica, assim como, o uso do sildenafil-Viagra) encontra-se baixo e o CRF (liberador da corticotrofina) apresenta-se alto.

fenilglicol está, em geral, baixo na depressão e alto na mania. A deidroepiandrosterona está alta nas depressões psicóticas (15,b). A PEA (feniletilamina) encontra-se alta nos esquizofrênicos (22), assim como na crise de agorafobia onde há, também, aumento da paratiramina, podendo esta dosagem separar fobia dos estados de angústia, pois nestes , apresenta-se normal. Monoaminocadaverina está aumentada na esquizofrênia e há, em certos casos, diminuição da destirosinogama endorfina; por outro lado, a MAO está baixa nas plaquetas. A baixa da MAOA em geral produz agressividade impulsiva (23). Em certos tipos de depressão, há diminuição de melatonina. Kotze et al (24) demonstraram a importância do psicofármaco (aliado e não como intruso) na terapia das depressões; Eles afirmam que a formação do terapeuta é muito mais importante do que o método por ele utilizado. A venlafaxina não possui afinidade, pelos receptores muscarinícos, histaminérgicos e adrenergicos, responsáveis por muitos efeitos secundários, observados nos antidepressivos mais antigos.

O receptor Dopamina 4 age mais no núcleo accumbens, embora D2 e D3 também sejam receptivos. A resperidona tem 15 vezes mais atividade para o D2. A Clozapina abaixa a D2 e atua, também no gene IEG’s, mudando a proteína Fos e Jun no núcleo estriado, accumbens e no lobo pré-frontal. Na esquizofrenia, pela hiperatividade dopamínica há decrescimo do glutamato e do aspartato no hipocampo. O acúmulo de dopamina D2, núcleo accumbens, aumenta a motilidade, pois a hipoatividade deste núcleo é que produz os sintomas negativos de esquizofrenia (alogia, desatenção e abulia). Os efeitos extrapiramidais dos antipsicóticos seriam pela deficiência da atividade dopaminérgica no caudato e putamen. No neostriatum encontra-se a síntase do óxido nítrico (visualizado com NADPH – diaforase), somatostatina, neuropeptideo Y e os gabaérgicos (paravalbumina e calretinina), além da encefalina e substância P. Para a libertação do cálcio nas membranas sinápticas, é utilizado a sinaptotagmina. (60).

óxido nítrico é ativo principalmente nos microvasos (ajudado pela guaninilciclase). O diacilglicerol, ativando a cinase-proteina – C no striatum, é considerado como outro processo de explicar o mecanismo dos estados ansiosos e depressivos, através do aumento dos receptores glico – e mineral-corticóides, como já demonstramos (15,c). A baixa de serotonina e sua resintese ao lado do nor-epinefrina, mediada pela gabamodulina ou calmodulin, seriam a mais importante no genese da ansiedade depressiva ou não.

O neuropeptídeo Y e a dinorfina no liquor podem predizer o resultado de tratamento (25).

No EEG, verifica-se um aumento da atividade delta (hipofunção do pré-frontal), beta e diminuição de alfa no ocipital.

Há aumento da atividade eletrodérmica nas crises agudas de psicose.

Novos antidepressivos seroquel, olanzapina, ziprazidona, têm ações similares.

Altas doses de glicina melhoram os sintomas negativos da esquizofrenia por atuarem no sistema glutamato e libertaram mais dopamina (26)

Há também, diminuição de SAME (Sidenosil-metionina) na crise aguda psico-motora (27).

Uma outra droga estimulante, O MDMA, o “êxtase”, produz euforia, aumenta a sensualidade, produz felicidade, logorréia, da sensação de “mente aberta” e possibilita melhor contato social, segundo Solowij (28), porém é hepatóxica, similar ao CRACK; utilizá-la seria uma auto-destrutividade ou “vingança divina”...

Chega-se a concluir que os marcadores bioquímicos (feniletilamina, fenilglicol, ácidos hidroxindol-acético e homovanilico) não somente servem para descobrir os estados depressivos, como também, para as obsessões compulsivas, PMD e esquizofrenia (do tipo I) que se normalizam após melhora clínica. Os marcadores metilados (bufotenina, oximetilbufotenina e dimetiltriptamina) estão relacionados com o sintomas psicóticos (alucinações, sintomas negativos, etc.) (22)

Há trabalhos ingleses (61) (62) mostrando que há maior incidência de esquizofrênicos nos indivíduos cujas mães tiveram influenza durante a gestação e como, também, nos indivíduos que nasceram nos meses de inverno.

Essas descobertas mostram o melhor conhecimento da etiopatogenia das psicoses. Temos utilizado os testes bioquímicos e endócrinos para o diagnóstico dos diversos tipos de estados depressivos para melhor aplicação de psicofàrmacos, tais como os testes da dexametasona, fenfluramina, hormônio do crescimento, ácido láctico, TSH e clonidina, com resultados satisfatórios.

No próximo milênio, talvez os colegas tenham mais conhecimentos da etiopatogenia das psicoses funcionais e utilizem mais testes endócrinos para a prescrição exata de medicamentos.

TESTES ENDÓCRINOS PARA O DIAGNÓSTICO DA ESQUIZOFRENIA

BUFOTENINA – aumentada – redução da capacidade dos alfa e beta-2-receptores.
Aumento da dopamina e nor-epinefrina, epinefrina normal.

MAO plaquetária – diminuída

MONOACILCADAVERINA – aumentada de 2,9-26,7 para 27,2-168,1 p/mol/g pela espectometria. Eleva-se após inibidor da MAO e abaixa após butirofenona.

TRIGLICERÍDEOS: aumentam e o HDL abaixa após fenotiazina.

ENDORFINAS: (N= 1 a 3 ng/ml) alfa aumenta e a destirosinagama-endorfina diminue. A beta-lipotrofina, beta-endorfina e ACTH, taxas basais altas.

TARAXEINA: (metabólito da nor-epinefrina) anticorpo aumentado.

TESTES PARA DIAGNÓSTICO DOS ESTADOS DEPRESSIVOS

DEXAMETASONA: cortisol reduz após 2 mg de dexametasona.

FENFLUAMINA: 60 mg não aumenta a prolactina.

HORMÔNIO DE CRESCIMENTO: aumentado. Aumenta mais após 25 mg de imipramina, durante 4 dias. (Somatomedina aumentada).

CLONIDINA: 100mgs 3 vezes em um dia, reduz o fenilglicol e aumenta a serotonina.  
Depressão agitada: aumento da nor-epinefrina e dos 17ÓHCTS.
Depressão apática: diminuição da nor-epinefrina e dos 17ÓHCTS.

DEIDROEPIANDROSTERONA:  aumentada na urina, somente nas depressões psicóticas.

MELATONINA: cortisol alto e teste da dexametasona positivo.
(não abaixa o cortisol). ACTH: normal. Melatonina      
noturna: baixa. 

FUNÇÃO LINFOCITÁRIA: leucócito, células T e B baixas. 
A fito-hemaglutinina e concanavalina produzem baixa resposta em depressivos com alto índice de cortisol. M.A.O. linfocitária aumentada na depressão unipolar e diminuída na P.M.D. e alcoolismo.

TESTE DO LACTATO, METABOLISMO BÁSICO E T3 - (N - O.6 - 1.7)
1,0 mEg/1, em repouso, marcha de 2 km, nova dosagem do lactato aumenta  para 3.3 - 6.1. T3 livre, menor de 75,0 ng/m1. T4 total normal (4.2 - 12.5 mcg/dl) e fosfatos urinários antes e depois do exercício físico revelaram maior que 1.000 mg/24h.

Portanto, nestes últimos anos, os psiquiatras tem acompanhado de perto o progresso geral da psicofarmacologia e dos meios diagnósticos pela imagem (até pela telerradiologia que transporta todo o tipo de imagem, permitindo o diagnóstico a distância), pela bioquímica e pelos testes endócrinos, e assim estão a par das novidades  neurológicas experimentais, o que os levam a ter promissoras esperanças para o próximo milênio em novas drogas ansiolíticas, timolépticas e anti-psicóticas, além da utilização concomitante da psicoterapia analítica e "milieu therapy”.

O transcurso do tempo faz mudanças diversas haja vista o estudo da genética (principalmente se a vacina – DNA – funcionar). No próximo milênio teremos, provavelmente, a culminação da pesquisa genética atual. O método de Isner (29) que recobre um balão, utilizado na angioplastia, com um gel que contenha o DNA de um gene que comanda a formação de fator decrescimento vasculo-endotelial (V.E.G.F.) era recompor a parede arterial e aumentar o seu fluxo em 82%, nos pacientes com gangrena, amenizando, também, a dor. Tem se verificado que a raça negra tem mais mitocôndrios nos músculos estriados que a raça branca, o que poderia explicar o sucesso dos negros nas olimpíadas. A Terapia Genética terá a sua vez nos próximos milênios, pois a substituição de um gene deficiente por outro normal já é possível, mas somente nas doenças causadas por um só gene, (ex. fibrose cística, fenilcetonúria, e distrofia muscular de Duchenne). O benefício seria enorme se a terapia de gene pudesse curar doenças psicossomáticas tais como asma, artrite, hipertensão, diabete, etc.; é o que verificaremos, pois o hormônio obtido por engenharia genética (fator de crescimento humano), injetado no coração com coronária obstruída, substituiria a cirurgia das safenas para circulação colateral. (30)

Terapêutica Genética será a grande ferramenta do futuro, todavia deve-se ser prudente em não indicar os marcadores genéticos para todos os pacientes.

Eis a situação atual dos marcadores genéticos

Recomendamos: apenas aos familiares do doente. Não é ético angustiar os familiares.
Marcadores para trombose – Entre eles, o fator V Leiden e as mutações da metilenotetraidro folato redutase e G20210A da protrombina. Mulher com positividade do fator Leiden, deve evitar as pílulas anticoncepcionais.
Marcadores de predisposição a câncer – BRCA1, mama e ovário, BRCA2, mama; MLH1 e MSH2, cólon-retal sem polipose; proto oncogene; RET, para a neoplasia endócrina múltipla tipo 2.  Se positivo a criança de 7 anos deverá submeter-se a tiroidectomia.

Os marcadores D.Q.0301, do sistema antígeno leucocitário humano, HLA, tem 10 vezes mais risco de ter diabete tipo 1, por contato com o vírus que destrói o pâncreas.

Já é possível diagnosticar no recém-nascido, 20 doenças por erro metabólico.

Naltrexone (antagonista dos opióides) e acamprozato reduz o uso excessivo de álcool (31). Parece  que, com a descoberta do gene dessa doença, o cromossomo 18 DNA está mesmo ligado à transmissão da PMD. Há translocação cromossômica em leucêmicos por transcriptase – polimerase reversa e por deteção do D.N.A. por fragmento de restrição como polimorfismo.

Alina Paiva e Miller Paiva (32) (33) evidenciaram que, na aterosclerose coronária, encontram-se indivíduos ansiosos, tensos, preocupados e irritados (sigla P.A.I.) sensíveis às rejeições (no amor, trabalho e principalmente na família), principalmente às ignomínias. Eles vivem em trabalho excessivo, sedentarismo e tensos, além de sofrerem de tanatismo (autodestruição inconsciente, agredindo para serem agredidos) usando defesas maníacas de negação a conflitos infantis (nos períodos de molde). O conflito conjugal e familiar é o mais sério para o índice de risco, conflito este que deverá ser melhor estudado no próximo milênio, em sentido profilático.

Martinez, T. Paiva, A.M.A. e col (32) (33) nos estados de estresse ansioso, em personalidades do tipo A, utilizarem testes fonoaudiológicos para avaliação do comportamento verbal em pacientes dislipêmicos, com coronariopatia obstrutiva e sem evidências de coronariopatia obstrutiva e concluíram que houve correlação mais evidente entre estresse e pacientes coronariopatas portadores de hipercolesterolemia e hipertrigliceridemia (800 100 mg/dl).

A dor precordial sem alteração cardiológica está, freqüentemente, associada a síndrome de pânico (34) e outras alterações neuróticas (35). O uso de defesa maníaca de negação(confirmada pelo teste Levine Denial of Illness scale – L.D.I.S.) mostrou que os coronariopatas ficaram menos na U.T.I., porém mal adaptados para os tratamentos crônicos (36). No perfil do tipo A, o fator I (ressentimento) está mais associado ao neuroticismo, assim como, as crises de dores pré-cordiais; o fator B (hostilidade verbal), medido pelo teste de Buss-Durkee Hostility Inv., não tem relação com a gravidade da coronariopatia, vista pela angiografia (37), embora o LDL esteja elevado, assim como, a descarga de nor-epinefrina (38). Em uma avaliação meta-analítica da literatura, conclui-se que a psicoterapia combinada a drogas, regime e exercícios mostrou-se mais eficaz para a prevenção do infarto do miocárdio (39). A cafeína (250mg = 2 xícaras de café) estimula o aumento da pressão arterial (em animais e no homem), principalmente se houver história de hipertensão na família. A 1ª dose de café, pela manhã, deixa o sistema nervoso escorvado para estimular a hipertensão arterial (sistólica). (40)

A angina durante o coito se processa em 9% dos casos (40) e a morte, 3 em cada 500 homens (0,66%).

Ueno (41) verificou a morte súbita, durante o ato sexual, entre 5.559 casos somente em 34, entretanto todos estavam prevaricando. Isso mostra a importância do sentimento de culpa.

No desmaio (síncope), encontrou-se cifra baixa de epinefrina e triglicerídeos e alta cifra de cortisol, HC e glicose (42) . A separação precoce do rato recém-nado produz alterações na alimentação, e subsequente mudança no ritmo cardíaco, com aumento da vaso-contrição, produzindo, quando adulto, hipertensão arterial (43).

Os hipertensos que apresentam maior cifra de renina plasmática têm, também, maior conflito emocional (44). A viscosidade sanguínea excessiva pode até prejudicar a cognição verificada através de testes.

As transformações culturais ocorridas desde o final do século passado até a atualidade, repercutiram sobremodo na mulher - principalmente com advento da pílula anticoncepcional – mudou o mundo (tivemos a oportunidade de participar da 1ª comunicação sobre esta pílula feita por Gregório Pinkus, em Lima, no Congresso de Endocrinologia).

O sintoma histérico era de capital importância na neurose e constituiu o primeiro obstáculo que os Freudianos teriam que transpor. A fertilidade e a frigidez sexual caminhavam, juntas, porém, os tempos mudaram e mudou-se radicalmente a topografia mental do desejo. No próximo milênio, teremos a liberdade sexual que é útil e esperamos que haja um decréscimo da promiscuidade sexual que é maléfica. Método anticoncepcional evita a gravidez indesejada, assemelhando os sexos. Contudo, temos demostrado a custa da psicanálise clínica, que a troca da histéria por um distúrbio psicossomático não tem sido promissor. O não desejo do desejo, isto é, a mulher não desejando engravidar por sentimento filicida, torna as crianças, quando adultas insatisfeitas (15,d). Aliás Myhrman etal  (45) confirmam essa observação, em 11.017 Jovens com 76 casos de esquizofrenia, produtos de gravidez não desejada. Portanto, o conflito entre desejo e repressão (essência do sintoma histérico) foi trocado por conflitos maiores, haja vista a diferença entre prazer e gozo. O nosso estudo psicanalítico veio mostrar a correlação entre orgasmo e morte, ou seja, o indivíduo tem prazer no coito (no homem há ereção e na mulher há lubrificação vaginal), porém ambos não conseguem chegar ao orgasmo. A mulher poderá ter orgasmo clitorídeo, porém o orgasmo é interrompido se o homem introduzir o pênis na vagina, pois devido a sua fantasia inconsciente, originada no período de molde, ela durante, a relação genital, irá cortar o pênis e até assassinar o homem, defendendo-se, portanto, pela pseudo-frigidez. O mesmo ocorre na impotência masculina; o homem, sente a vagina como dentada, decorrente da má educação na infância, pai castrador ou mãe fálica, tipo Medusa, ou Megera. Aliás, o trabalho de ISNEL (59) em ratos põe em evidência a possibilidade do o mesmo ocorrer na espécie humana – a oxitocina e vasopressina podem ter importante papel na patofisiologia das desordens sexuais e inclusive no autismo, pela inabilidade de ligações afetivas. O ratinho montanhês, de 5 dias, separado da mãe, secreta mais corticosterona e, as mães, frequentemente, abandonam os filhotes (de 8-14 dias posparto); os machos poligâmicos não se interessam pela prole. Esses ratos, os montanhês e o do campo, diferem como receptores da oxitocina e vasopressina. Esses hormônios não são exclusivamente “hormônio de ligação”. A relação sexual e relacionamento em geral são mais complicados. Entram em ação, também, a prolactina (na ligação mãe bebê), endorfina (para o prazer), gaba e dopamina, estrogênios, testosterona (que escorvam a oxitocina), nor-epinefrina, gene-fos-B. Eles atuam no hipotálamo anterior, septum, amídala, rostro, comandando o comportamento durante o coito (através dos genes receptores destes hormônios). Os efeitos comportamentais desses hormônios e neuropeptídeos (ocitocina, vasopressiva, estrogênios, etc.) dependem das localizações e reações dos respectivos receptores.

Procuramos demostrar que certos homens têm medo do matrimônio, por um outro fator, não somente por medo da mulher Megera, mas também, por medo do seu sentimento filicida, que é muito inconsciente.

No Terceiro Milênio, por causa do aumento do conflito de mãe – filho, decorrente do trabalho integral das mulheres, abandonando os filhos, deverá haver maior reação às pílulas anticoncepcionais: as mulheres que tiveram conflitos com as mães, durante a infância e adolescência, apresentam, na maioria dos casos, problemas de gestose, por despertar o objeto aletargado – mãe má. Haverá aumento, também, da pseudo-frigidez: 67,5% das mulheres tornam-se frígidas por culpabilidade masculina (50% dos casos, por orgasmo rápidos, brutalidade, avareza, machismo, etc.) e culpabilidade feminina (complexo de Édipo, inveja fálica, sentimentos culposos, falta de amor e predomínio da figura combinada, que é sempre persecutória).

A esterilidade, aborto e hipogalactia (91%) estariam, também, aumentados por decorrência de conflitos inconscientes culposos em relação aos pais – regidos pelo talionato. 

Psicoprofilaxia do parto: deverá ser mais utilizada, devido aos conflitos inconscientes culposos em relação à figura materna castradora, levando ao espasmo do colo uterino e dificuldade no parturir. As perversões sexuais, deverão, estar também, aumentadas, porque elas estariam condicionadas ao período de intensa ligação do bebê com a mãe, e se esta mãe tiver pensamentos e sentimentos agressivos poderá produzir, nos filhos, maior agressividade à figura feminina.

O transexualismo difere do homossexualismo, transvestitísmo e fetichismo por ser psico-endócrino e conter presença do antígeno Hy (mais importante que o cromossoma Y na determinação do sexo) – além do indivíduo ter desde o nascimento, exacerbada simbiose com a mãe e ausência da identificação paterna. No desenho da figura humana, os transexuais não colocam os quirodáctilos, sinal patognomônico da castração.

A criança, percebendo que não foi concebida por amor, torna-se, quando adulta, portadora de neurose de sucesso ou irá se sentir com medo do matrimônio, infeliz ou insatisfeita, em conseqüência do aumento de conflito. O pior, poderá ser assassino ou delinquente, como mostraram os trabalhos de psiquiatria de Los Angeles e da Dinamarca em 4269 nascimentos, aqueles que foram rejeitado pelas mães no 1o ano, tornaram-se assassinos aos 18 anos de idade (65).

A medicina do Próximo Milênio poderá aperfeiçoar ainda mais as técnicas de laboratórios, ultra-sonografia (até no sentido de se apurar as causas de diversas doenças, para soluções mais adequadas, ajudando a separar as causas orgânicas, das psíquicas) e da aplicação dos transplantes e reimplantes através da microcirurgia, inclusive de nervos. As doenças neuro-imunologicas (miastenia gravis, polineuropatias com antiglico-proteína da miclena, esclerose multipla, etc) medidas pela acetilcolina ou antigênios do canal de cálcio, citocinas (inter llucinas de 1 a 6), superantígeno (SAG), células T ou macrofagos ativos, integrinas linfocitárias, linfocinas de 1 a 12, selectinas, fator de crescimento transformante, interferon (alfa, beta e gama) assim como, a aplicação de doppler transcraneano e colírio de tropocamida na doença de Alzheimer e principalmente a reação da polimnerase, além da transulopina (Secoten) para a hipertrofia prostática, deverão concorrer para a melhoria de vida.

A psicanálise mostra que a dor está relacionada as fantasias inconscientes culposas de querer agredir e não poder. Tal é o sistema bumerangue: quem é hostil recebe de volta a própria agressividade, por intermédio do sistema endócrino – aumento da substância P (pain production substance) e bradicinina (nas inflamações).

O reumatismo psicogênico ou nevrálgico (dores lombares e na coluna, doença de Duplay, etc., com exceção das osteoartrites de causa orgânicas e infecciosas) deverá ter incidência aumentada, pois depende das fantasias inconscientes originárias nos períodos de molde e exacerbadas por fatores de situação (humilhação, conflitos conjugais, domésticos e de trabalho), principalmente se a pessoa sofre de falso-altruismo (neste caso haverá aumento da substância P).

Na ciática e dor lombar encontram-se personalidades superativas, irrequietas, dominantes, perseverantes e com extremo altruísmo, porém, sob esta máscara, apresentaram profunda insegurança, desejo de dependência; são cônjuges submissos, com “crise de superioridade”, que não pode se mantida.

Além da substância P (pain production substance), já descobriram que a diminuição da beta-endorfina, encefalina e mais recentemente, neurocinina, e o nerve growth factor, exerce evidente influência na patologenia da dor (15,b). Em conseqüência de erros de educação na infância, haverá pacientes com “perfil algido”, nos quais, os pais são verbalmente abusivos,agressivos, dominadores e com distúrbios nas relações interpessoais e conjugais, tendo sido porém afetivos apenas quando o paciente estivesse doente. É por este motivo, que as massagens, acupuntura têm sido utilizadas com relativo sucesso, mais pelo contato físico com o terapeuta (o contato evita o sentimento de abandono – mito do eterno abandono). (15,a)

A enxaqueca deverá aumentar de freqüência, no Próximo Milênio, devido aos conflitos, conscientes e inconscientes, para com os pais. Novas drogas eficazes já apareceram: Sumatripton, Gabapentina, eletription e neoglico-polímero (também anti-inflamatório), octreotide e quetanina e para a sua profilaxia: vigabatina, fluoxetina, clonidina e aminotriptilina. (9) A dor metastática pode ser combatida pelo samário – 153 (emissão de partículas beta e de energia gama).

Provavelmente a meditação transcendental (TM sidhi program) ou Zembudismo e processos de relaxamento irão ter maior número de adeptos, pois há redução de consumo de O2 e maior eliminação de CO2, há suspensão respiratória sem hiperventilação subsequente, há decréscimo de lactato sangüíneo, há redistribuição do fluxo sanguíneo esplênico, há aumento da prolactina, do ácido 5-hidroxindolacético (excreção), há fenilalanina e coerência inter-hemisférica do EEG com baixa de cortisol. Se a meditação for prolongada há baixa também, da pressão arterial e da colesterolemia (46).

A anorexia nervosa é “prima irmã” da esquizofrenia, tanto do ponto de vista hormonal, como psicanalítico. Concluímos ser uma psicose monossintomática causada pelo conflito com a mãe (peito tóxico, isto é, leite = alimento = tóxico = mãe), cujo tratamento (grupanálise combinada com psicoterapia individual) faz desaparecer os sintomas. Em 12 dos nossos casos, não houve necessidade de uso de drogas. (15,b)

Animais injetados com colecistocinina diminuem o apetite, fato esse que poderia explicar a anorexia nervosa. Diabetes tipo I não altera a função genital e disposição vital, ao passo, que o tipo II (que tende aumentar no Próximo Milênio devido ao erro e facilidade de alimentação com excesso de calorias e sedentarismo), poderá acarretar frigidez, pois esses  conflitos prejudicam a vida sexual,  matrimonial e familiar.

A psicossomática continua invadindo a gastro-enterologia, pois em 50 pacientes com doenças de Crohn, o diagnóstico de depressão endógena foi feito em 36 casos (47).

Os fatores psico-sociais parecem ter grande valor na exacerbação da cirrose hepática (48).

Na síndrome de Bartter, está aumentada a atividade simpático-adrenal pelo aumento da resistência a nor-epinefrina, associada com hipocaliemia, e aumento da bradicinina e da postaglandina (postaciclina), libertadora da renina e ansiotensina II (49).

síndrome de Bartter pode ser provocada pelo uso exagerado de diuréticos, através do desequilíbrio Na/K e aldosterona-renina.

As doenças alérgicas (urticária, eczema, rinite, asma, etc.) são decorrentes de ressentimento que tendem a aumentar no Próximo Milênio porque os pais continuam proporcionando má educação. A criança sente-se abandonada por ter fantasias agressivas aos pais, principalmente à mãe, devido as suas agressividades sufocantes; ela sente como se tivesse sido abandonada em uma estrada deserta. Para que se processe a reação alérgica, é necessário o tripé: predisposição genética, alergeno e os conflitos psicológicos (15,d).

Asma é conflito de 3º geração no relacionamento de pais e filhos, havendo diminuição de afeto e o sistema dopaminérgico se apresenta alterado naqueles que sofrem de sentimento de separação dos pais (18), principalmente da mãe (estas mães com parco sentimento maternal apresentam alterações da enzima ornitina, oxitocina e vasopressina). (59)

Lesão elétrica bilateral do cérebro diminui a imunocompetência. As neoplasias aumentam os peptídeos opióides e ácido siálico; alteração no V.I.P., A.V.P., somatostatina, interferon e interleucina.

Prof. Ikeme já relatou 76 casos de cura espontânea de câncer, (50), Knobel (51) também refere curas espontâneas. Há raridade de câncer, nas psicoses funcionais (esquizo e PMD). O D.N.A. viral pode, todavia, sair do seu estado de inércia, pela ação de diversos fatores, tanto internos (o envelhecimento, uma predisposição hereditária, um defeito genético), como externos (químicos ou físicos).

O tratamento do câncer pela interleucina 2 (IL2 que é parte da família das linfócinas, liberadas pelo linfócito T, que seria um fator de crescimento deste) provoca considerável mudança no LAK (linfócito ativado assassino), aumentando a resposta imune. (52)

Confirmando as nossas observações, temos os belos trabalhos dos Hulak (53) e Souza (54).

Os Hulak (53) estudaram, baseados nos conceitos psicanalíticos, 19 mulheres com câncer de mama; 100% sentiam as mães com baixa capacidade de amar, 42% de solidão, 47% de menosprezo e 63,15% de fantasias de serem filhas adotivas (9 solteiras, 3, desquitadas e 5 frigidas).

Souza (54) em revisão bibliográfica e causuística de 15000 pacientes tende a confirmar, como oncologista clínico, a importância dos períodos de molde e da inabilidade de expressar o ódio, acompanhado de culpa e depressão.

La Barba (55) chegou a conclusão que o stress, nos primeiros dias de vida dos animais, com separação da mãe, falta de manipulação ou excesso de população, diminui os seus títulos de anticorpos, porém somente quando adultos; as alterações imunológicas residuais persistiam ao longo da vida.

Com as contribuições psicanalíticas, para o Próximo Milênio, poderemos praticar a profilaxia do câncer, pois certos tipos de câncer podem ter, como fator coadjuvante, conflitos psicológicos inconscientes (objetos tanáticos internalizados nos períodos de molde, lactação e ambiente familiar nos 6 primeiros anos de vida) e como fator desencadeante (estresse), os sentimentos conscientes de desamor, abandono, ressentimento e rejeição. Estes, conflitos de desintegração afetiva, podem provocar tensão emocional, em decorrência de ansiedade e culpa, que esencadeariam reações endócrinas, bioquímicas e imunológicas, desintegrando e desorganizando a multiplicação celular, em órgão que estaria predisposto ao distúrbio do esquema corporal, isto é, o órgão escolhido para se punir, segundo o conceito de estidade (por exemplo, a mama, se fantasiada como mãe e o câncer fantasiado como pênis invejado do pai e, como tal, ruim; esta figura combinada, pai e mãe maus, tornar-se-ia perseguidora). Parece que a escolha do órgão dependeria dos conflitos peculiares (estidade), tais como ocorre ao homem, sofrer maior número de câncer do estômago, ao passo que as mulheres sofreriam maior número de neoplasias nos órgãos sexuais e, como vimos, estas ocorrências dependeriam, também, dos conflitos inconscientes de estidade, localizando-se na mama ou no colo do útero.

Finalmente, a “Psicossomática”, tem progredido satisfatoriamente e esperamos que, para o novo milênio, progrida ainda mais, saindo do “século do medo camuniano” e da “anomia durkeiniana”.

No número de 50º aniversário da “Journal of Psychosomatic Medicine”, os editoriais mostravam principalmente o progresso bioquímico e psiconeuroimunológico da correlação mente-corpo. É muito estranho que a parte psicanalítica, que revolucionou os conceitos etiopatogênicos, não tenha sido devidamente mencionada no editorial. Isso não acontece no Brasil, pois a psicanálise psicossomática alcançou estágio nessa especialidade. Dos 9 ex-presidentes todos eram psicanalistas.

Samuel Hulak (53), autor do livro “Entrevistas”, refere que colegas de Recife, lançaram, com entusiasmo, a revista Psicossomática, mostrando ao mundo científico o progresso da psicossomática brasileira, através de artigos de alto gabarito e continuada pelos esforços de Kotze e Albuquerques.

Pensamos que no próximo milênio, poderíamos ter uma Medicina verdadeiramente holística, com tratamentos integrados: psicoterapia analítica e comportamental, grupanálise, laboratorial, medicamentos, familiar, laborterapia, “Milieu Therapy” e “Sozial-energie” (63) (64). Contudo não somos otimistas, embora esperemos que a Psicossomática seja auxiliada pela Física Quântica através dos Hadrions (barions, protons, neutrino, lambda, sigma, KSI e ômega), Mesons (pion, kaon e eta) e Leptons (neutrônio, eletron, múon, e pósitrons e principalmente os gluons, quarks, eóns ou holion) (56), pois a troca de informações de dois eletrons (57), poderá acontecer qualquer que seja a distância, explicando assim os fenômenos telepáticos e as comunicações de inconsciente para inconsciente (como sói ocorrer entre paciente e médico). Portanto, a Mecânica Newtoniana e Eletrodinâmica Maxweliana deixaram de ser a base de toda a física e servirão para melhor entendermos os fenômenos psicossomáticos. Quanto mais penetramos no mundo submicroscópico, melhor compreenderemos a filosofia oriental, pois a física moderna nos leva a visões do homem, similar ãs visões adotadas pelos místicos de todas as épocas (experiências não sensorial da realidade). Se os psicossomatistas utilizarem esses conhecimentos poderão melhorar muito a relação de médico-paciente-família, principalmente durante uma psicoterapia ou na prescrição de medicamentos.

O mundo de hoje está dominado pelo Tanatismo, tornou-se psicótico devido aos conflitos emocionais culturais e originados na infância, (guerra entre palestinos e judeus, católicos e protestantes em Belfast, “guerra santa” no islamismo, gênocídeo na África, etc.) Os cientistas de hoje sabem como evitar o fim catastrófico da humanidade, através de várias maneiras: equilíbrio econômico e educação dos pais, antes mesmo do casamento, para que os filhos da 3ª geração não tenham desenvolvido tanto o instinto de morte; Talvez um novo líder espiritual com extraordinária força energética e carismática pudesse influenciar toda a humanidade orientando-a para o lado libidico e construtivo. Contudo, enquanto isso, devemos continuar, como psicossomatistas, melhor entender e ajudar o Homo Mythicus a não se utilizar da energia atômica nefasta.
Finalizo, almejando para o próximo milênio, que muitos médicos consigam o “ESTADO DE FÉ”, que seria uma produção libídica perfeita, com um equilíbrio hormonal normal. 
Temos que estimular, o psicanalista, como o grande arquiteto do movimento psicossomático do próximo milênio e, portanto, da medicina integral e humanística.

A psicossomática deve, além do conhecimento sobre o orgânico, sobre as estruturas, sobre o funcional, ter de saber ainda do mundo inconsciente e de sua lógica paleológica, para assim poder “tirar a máscara” do paciente, pois ambos têm que ser entendidos (ato de esperança), têm que ser acreditados (ato de fé). Ambos não devem ser aceitos como verdade pura, para não estagnarem e assim ambos, paciente e psicossomatista, terão oportunidade de novos crescimentos, porém sem ter a pretensão de chegar ao Homo Noumenon chegando, simplesmente, ao Homo Erogenus ou Dionisíaco (eternamente criar a si próprio).

Deve o psicossomatista utilizar-se, também, do conhecimento transmitido do inconsciente para o inconsciente como, também, ter intuição, reverie, Eros Terapêutico (descobri-lo dentro de si mesmo), para auxiliar com mais eficácia o ser humano.

Teoria da Relatividade eliminou a ilusão newtoniana sobre o espaço e o tempo absolutos. A Teoria Quântica eliminou os sonhos newtonianos de um processo de mensuração controlável. O caos eliminou a fantasia lacaneana da previsibilidade determinista. Luta-se por uma nova vida e isto abre os canais da criatividade, para se buscar, através das fantasias inconscientes corrigidas, a existência Aretê, sem Hybris (orgulho e arrogância), sem culpa da fantasia inconsciente de assassinar os pais, para não ser mais “expulso do paraíso” e ter uma existência boa e nobre... 

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