A Poda das Sinapses

Nos pensamentos obsessivos nos fanatismos e as dificuldades de seu tratamento *

Prof.Dr.Luiz Miller de Paiva
Alina M. A. P. Nogueira da Silva

I- INTRODUÇÃO     

A obsessão tem vários graus. A superstição, tal como bater três vezes na madeira para tirar o azar, é cultural, embora já revele um sentimento de culpa inconsciente. A neurose obsessiva ou transtorno obsessivo compulsivo de ajustamento (F.42 e 43 do Cid 10) nos mostra um cerimonial complexo, reconhecido pelo próprio paciente, podendo chegar a um grau avançado como soi ocorrer nos episódios obsessivos graves com sintomas psicóticos (F.32.3), na síndrome de Asperger (F.84.5), e na esquizofrenia simples (F.21).Todavia, nos transtornos da personalidade esquizóide, os sintomas apresentam se    mais amenos embora sejam originários na infância, produzidos pela predisposição genética ou insegurança ontológica (Laing,12). A nosso vêr, o mais grave problema do obsessivo está no seu comportamento que parece, a primeira vista,normal; todavia, em sentido mais profundo, trata de uma alteração estrutural do sistema nervoso, principalmente no cérebro reptiliano, produzindo sintomas graves de conduta, haja vista a atitude revolucionária levando à guerra.A explicação deste fenômeno obsessivo parece ser devido a herança do ser humano de ter três tipos de cérebro: reptiliano, paleomamífero e neomamífero, que apesar de diferenças estrutural e metabólica, agem em conjunto.

II- EVOLUÇÃO ANATÔMICA DAS PERSONALIDADES OBSESSIVAS

A parte mais antiga do cérebro (200 milhões de anos) herdada pelo homem, tipo reptiliano- é a parte central do tronco cerebral e compreende a maior parte de sistema reticular, mesencéfalo e núcleos da base. (figura 1)

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Figura 1- Sistema reticular e núcleo amidalóide


*Unitermos: neurociências, poda das sinapses, pruning synapses, reptilian brain ,cérebro reptiliano, obsessive personality, ekypirosis.
**Este trabalho foi  apresentado na Reunião Científica da SBPSP no dia 19 de junho de 2004 (sábado) as 9:30hs, Rua Cardoso de Mello,1450 9º andar sala 7, teve como comentário Dr.Yoshioki Ohki. Membro associado a SBPSP.

O cérebro paleomamífero, evolução do reptiliano, se distingue por um nítido crescimento e diferenciação de  um córtex primitivo que é igual ao futuro sistema límbico do homem.
Finalmente, mais tarde, na evolução, aparece um tipo de córtex altamente diferenciado, aqui chamado de neomamífero, cérebro este muito desenvolvido nos primatas, atingindo porém uma alta especialização no homem, permitindo a leitura, escrita, cálculo aritmético, fantasias e abstrações, etc.

 Nestes últimos cinco anos os neurocientistas descobriram que o cérebro realmente muda no decorrer da vida (Fred.Gage,2003).As celulas-tronco multipotentes dividem-se periodicamente no cérebro,dando origem a outras células-tronco e uma prole que vai transformar-se em neurônios e astrócitos, no cortex pré-frontal, hipocampo é o“Sonie hedgehog (SHH)  ajudado pelo notch (proteínas morfogéticas ósseas), fator neurotrófico insulina-simili, permitindo os neurônios viajarem do ventrículo para o bulbo olfatório. Na migração vão as células do tronco para o hipocampo. No suicídio o núcleo da rafe não envia quantidade de serotonina para o pré frontal e para as plaquetas (Pandy, 2003, apud C. Ezzel).

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Figura 2- Na migração vão as células do tronco para o hipocampo


Em volta dos neurônios e axônios há grandes e diversificada população de células gliais cujos estudos de Sul et al (2004) revelaram que a glia emprega sinais  químicos e elétricos para conduzir mensagens.

A concentração de cálcio num astrócito se eleva repentinamente quando o neurotransmissor glutamato se acrescentado.Os astrócitos controlam a sinalização certa á sinapses e o glutamato pela liberação da substância ATP (trifosfato de adenosina).Esses compostos desencadeiam o fluxo de cálcio para os astrócitos.A atividade elétrica das sinapses aumentam quando os astrócitos adjacentes estimularam ondas de cálcio.Duas substâncias formam as sinapses:Apolipoproteína E, e a proteína Trombospondina.Um axônio pode se regenerar e voltar aos receptores abandonados ao seguir as células de Schowann remanescente.Quanto mais Trombospondina maior é o número de sinapses.Um perfume ligado á emoção pode levar a rápidos circuitos neuroniais que não estão ligados; parece se processar tal como o telefone celular, mas precisa ter reatores adequados. Ao passo que os animais, sobem na cadeia evolutiva, porque as glias crescem mais que os neurônios

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Figura 3-adaptada de Fields,D.(2004) “A outra metade do cérebro”.Cientific Americano 24:46-54.


As  experiências para a melhora da memória com substâncias  que    possam aumentar a energia do neurotransmissor para combater a  fadiga, níveis cognitivos, sonolência, e estímulo à perspicácia mental, tais como a ampaquina,fenserina, metilfenidato (Ritalina), donepezil, modafinil (provigil) e cephalon,  tiveram o mesmo efeito que a cafeína.O PDE-4 pode bloquear seletivamente lembranças traumáticas (Tully et al 2003).

Greenough et al (2002) demonstraram em ratos  quanto mais capazes de formar plasticidade da sinapses quando receberam tarefas desafiadoras (brinquedos diversos) ao lado de melhor desenvolvimento de vasos sanguineos para melhor ação no potássio e na mielina.Merzenick et al (1999) amputando o dedo de um macaco  verificara que o lugar no córtex motor, antes ativado por aquele dedo,foi invadido por outros neurônios transmitindo informação de um dedo adjacente. O mapeamento cerebral em obsessivos compulsivos podem remodelar os seus cérebros por evitar certos padrões de comportamento.Nos níveis elevados de glicocorticoides certas drogas abortivas (RV 486) podem agir como antidepressivos.O CRH,neurotransmissor, comunica a amídala com o sintoma nervoso e mostra-se elevado se houver precoce separação de sua mãe alterando o seu hipocampo na defesa do estresse, uma vez adulto.A substancia (Salpoisky, 1998) ligada a neurocinina I, também torna-se antiestressante. 
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Figura 4-Revelando a mentira. A pessoa quando falsamente nega possuir o cinco de paus ativa o cortex cingular anterior e o pré-frontal esquerdo (Langlebem, 2002).


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Figura 5


Ansiedade se converte em depressão se o rato souber pressionar a alavanca para evitar o choque, terá prazer-aumento da dopamina; se alavanca não funcionar entra em agitação aumento da nor-epinefrina; se as tentativas forem inúteis entra em depressão-aumento dos glicorticóides.(Segundo Sapolsky,R. 2003)

Os circuitos fronto- estriatais estão envolvidos primeiramente com as funções executivas, que incluem habilidades de planejamento, estabeleimento de estratégias, flexibilidade mental e evocação de memórias em pacientes com lesão no circuito dorsolateral ou na esquizofrenia podem mostrar-se perseverantes, concretos, destorcidas, com comportamento e memória desorganizadas, mas com capacidade do reconhecimento preservado. A lesão no circuito do cíngulo pode acarretar apatia e abuso. A farmacoterapia normalizar a atividade dos circuitos fronto-estriatais no TOC ( Teixeira e Cardoso,2004).

A predominância da agressividade primitiva, vamos encontrá-la nas funções do núcleo amidalóide do hipocampo e do hipotálamo posterior cuja hiperfunção constitue o Homo Brutus .(figura 11 e 12) As fantasias inconscientes produzidas no córtex cerebral e em conexão com o tronco cerebral constituiriam o Homo Mythicus (onde há predomínio da fantasia inconsciente). Finalmente, houve, devido ao aumento das conexões dendríticas, glias, sistema reticular e da parte bioquímica do cérebro pré-frontal, a formação do superego  (parte censora por introjeção das figuras paternas e autoridades). Esta parte, formando portanto o Homo Sapiens, seria responsável pelo sentimento de culpa, inerente ao homem. 

Em linguagem corrente, podemos comparar os cérebros reptiliano, paleomamífero e neomamífero aos ordenadores biológicos, tendo cada um suas funções subjetivas, cognitivas, cronométricas, memorizadoras, motoras e capacidade de elaboração de fantasias inconscientes.

Observações efetuadas por etólogos nos levam  a concluir que os programas do cérebro reptiliano têm estereotipias de comportamento, segundo a aprendizagem e  lembranças ancestrais (figura 6). Ele parece ter papel básico nas  funções determinadas instintivamente (id, cérebro visceral), tais como a escolha do território, de abrigo, caça, “habitat”, acasalamento, reprodução, traços mnésicos, formação de hierarquias sociais, escolha do chefe, etc. O cérebro reptiliano parece ser escravo dos precedentes: se, por exemplo, o animal encontra um caminho seguro para voltar para casa, ele terá tendência a tomar este caminho seguro, mesmo que precise fazer vários desvios. Seria interessante saber em que medida este resquício reptiliano no cérebro humano determina suas ligações ao “já feito” nos rituais cerimoniais, nas convicções religiosas, na política, nas ações legais, etc. A obediência ao precedente é o primeiro passo em direção ao comportamento compulsivo-obsessivo, o que ilustra, por exemplo, o fato de as tartarugas terem o hábito de voltar sempre ao mesmo lugar para botar os ovos, a maneira do salmão procriar, etc.; é instintivo.

A formação, durante a evolução, de um córtex de dimensões consideráveis entre os mamíferos inferiores pode ser considerada como a tentativa que a natureza faz de dotar o cérebro reptiliano de uma “calota pensante”, e libertar os animais dos comportamentos  estereotipados inadequados. É como se o cérebro reptiliano estivesse sob a dependência de um superego ancestral, haveria uma dependência neurótica, pois, de fato, não se acha equipado para se adaptar às situações novas. Este fenômeno não parece ter acontecido com o cérebro humano, o que faz permitir que o homem conseguisse escapulir, apesar de estar sob a força da lei biológica implacável, como sói ocorrer para os outros animais. Em situação ambiental nova, o animal tem três alternativas: adaptar-se, migrar ou morrer. Já o homem, com capacidade de pensar, tem condições de modificar o ambiente. Em relação ao homem, especificamente, Koestler et Smithies (1969) apud Squilassi (1992) apresentam um elemento emocional que corresponde à  descrição de um afeto geral: é a tendência . Podemos, talvez, colocar a tendência paranóide do homem na mesma origem da culpa ancestral.

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Figura 6 - cérebro amidalóide


A desconectação dos sistemas cerebrais ( o que ocorre nas síndromes “místicas”, nas síndromes de Fregoli, de Cotard e na de Capgras) (Ramachandran e Blakeslee,2002)
talvês possa ocorrer, também, nas síndromes obsessivas, parem de maneira mais dis-
creta, daí o exemplo da aversão no racismo, formando estereótipos, mostrando portanto como o cérebro todo está conectado. Não esqueçamos que o  sistema visual tem uma espantosa  capacidade para fazer palpites certos, baseados em imagens fragmentárias evanescentes que dançam nos globos oculares, ou que bons atiradores dizem que se focalizar demais o alvo de um rifle, não acertará na mosca, como soi ocorrer nos jogadores de basquete pois não olham a cesta e acertam. Todos estes fenômenos são regulados pelo lobo parietal em conecção com os lobos temporais. Outrossim, a correlação córtex e periferia do corpo é mais importante do que se pensa, pois um  indivíduo com membro fantasma (membro fora do corpo) sentia mordiduras; reclamou tanto que encontraram o seu membro amputado, na  terra, cheio de vermes.Uma vez o membro desterrado e lavado acabaram-se  os comichões; é o mapeamento do córtex e sua ligação com o “órgão alvo”.  O sintoma de hiperexcitabilidade sexual na síndrome de Kluver e Bucy (Miller Paiva 1981 pag.204)nãoé descriminada  como ato agradável, tem que somente descarregar o desejo, nada mais.Isso porque não há conotação com as outras partes do córtex que geram prazer.A incidência da afasia é mais freqüente na mulher  por atingir a região anterior do cérebro (ver figura 7), segundo D. Kamura D. Cientific American  nº 4:39

 No cérebro (comando central), havendo um conflito como o afeto estilhaçado (Capisano,1978) que poderá instalar-se em um órgão por este ser mais complacente,isto é por estidade, (Miller Paiva, 1994)poderá alterar enzimas, hormônios e neurotransmissores, acarretando doença psicossomática.

Resumidamente eles podem ser assim configurados: na formação reativa, o indivíduo com a finalidade de negar ou reprimir os impulsos ou instintos indesejáveis, organiza atitudes opostas a eles. A característica principal desta defesa é tornar-se uma  constante na personalidade do  sujeito. Ela parece ser uma  espécie de reasseguramento de uma repressão prévia e é  constituída de modo a  evitar-se a repetição constante da repressão secundária.

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Figura 7


III - PERSONALIDADE  OBSESSIVA

As gravidades dos sintomas da personalidade obsessiva:

A reação ansiosa (normal), a ansiedade crônica (desagrado diante das intempéries da vida, ou ansiedade organo-neurótica); angústia (ansiedade aguda), a primitiva (por ter ego frágil e de desamparo ou chamada insegurança ontológica (Laing,1996), a primária (conflitos da infância)a secundária ou decorrente de diversas doenças orgânicas, ou reumatismo psicogênico ou fibromialgia e, finalmente, a depressão de causas mistas.

Os sintomas mais freqüentes nas personalidades obsessivas são: lavar as mãos  repetidamente (inconscientemente para purificar-se dos maus sentimentos), delírio do tato (medo de ser contaminado), ritual mágico (dar três voltas na mesa após a refeição); jogar sal no ombro, senão ficará castigado, assim como não usar a cor marrom ou determinado tipo de roupa, bater na madeira três vezes para eliminar o azar; colocar em ordem seus pertences; dúvidas em usar vestido azul ou vermelho ficando horas para decidir, banhar-se, até a água da caixa acabar; dar três voltas em cada poste encontrado no caminho; duvidar se trancou o automóvel; exagerado  horror ás mudanças; amor ambivalente com prazer postergado, ser mumificado (para eternizar os defeitos mostrando a todos) exagerar em detalhes prejudicando o conteúdo; tornando-se perfeccionista em tarefa inacabada; devotamento excessivo ao trabalho prejudicando as amizades, família etc.; excessiva escrupulosidade moral ou científica, incapacidade de desfazer-se de objetos usados, relutância em delegar poderes e medo de ser criticado; avarento, embora possa ser dadivoso em certos momentos; produtor de discórdia  desagradável na família e um cavalheiro na sociedade; cuidado exagerado na educação dos filhos por sentimento filicida inconsciente, e finalmente, dando caráter mágico a um simples objeto, tendo que obedecê-lo.
Contudo, o mais grave problema concernente aos atos obsessivos vamos encontrar nas religiões e nos políticos, principalmente em seus chefes que, pela própria estrutura  do cérebro reptíliano tornam-se intransigentes acarretando revolução, protestos e mesmo guerras com intensa carnificina.

IV- OBSESSÃO COMO DEFESA REATIVA

O sintoma obsessivo funciona como se o perigo estivesse constantemente presente exigindo do indivíduo uma sistemática defesa contra ele.
A anulação de certa forma está ligada à formação reativa. Isto ocorre por  exemplo, nos atos compulsivos, onde o segundo ato é  a inversão do primeiro.Na repetição  com intensão  diferente. Essas repetições teriam o objetivo de anular o sentido inconsciente real do  ato, dando-lhe um  significado oposto.
A aparente  falta de afeto do obsessivo baseia-se num isolamento. No obsessivo o amor não extingue o ódio, mas apenas o mantém no inconsciente onde a consciência não o percebe.
Esta singular constelação da vida amorosa parece ter sua condição em uma dissociação muito primitiva, acontecida no período infantil dos dois elementos antitéticos, com repressão de um deles, principalmente do ódio.
A obsessão é sempre desagradável- não existem obsessões agradáveis- sempre suja, e entretanto, o prazer que o sujeito tem a considerar e reconsiderar o tema obsessivo que paraliza toda decisão e toda atividade, é muito claro.A obsessão vincula no ir e vir do pensamento como o objeto anal no ventre.
No obsessivo, parece  estabelecer-se uma ruptura definitiva entre o ser (identidade) e o ter (objeto), tanto ao nível de mundo interno quanto em relação ao mundo externo. Para ser assim considerado deverá ser mantido um hiato permanente entre os dois, como sói ocorrer na derriça conjugal. Ser mumificado para eternizar os defeitos e mostrá-los a todos. O terror à decomposição, não propriamente à morte ou ao cadáver, revela a necessidade de se fixar, mesmo a custa de se cadaverizar. Não suporta os estágios intermediários – e a vida é exatamente esse estágio entre duas “ certezas” (nascimento e morte). Precisa viver sob o  pensamento da morte para evitar ser surpreendido. O pensamento desenvolve-se satisfatoriamente durante o contato  íntimo com a mãe na lactação; se houver por parte maternal, amor e reverie formar-se-ão bons pensamentos; caso contrário, se a mãe não for amorosa  afetuosa  e não ter reverie suficiente, o bebê poderá ter pensamentos agressivos dos mais variados tipos chegando até prejudicar no futuro, a  função mental.Ao se formarem os pensamentos constituem também as fantasias sexuais cujos aparecimentos podem-se dar posteriormente, seja na infância, adolescência ou idade adulta, revelando persistência da certas impressões existentes no primitivismo cerebral. A perversão se origina, portanto, durante a lactação. Se  o bebê não receber reverie e nascer com insuficiência ontológica, com má estrutura do cérebro reptíliano, poderá causar uma defesa precoce da  formação do pensamento e, no adulto, a perversão sexual (sexualidade destrutiva, fetichismo ou transexualismo) e principalmente uma agressividade do tipo obsessivo contra a sociedade.

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Figura 8-Dali: origem da agressividade genital do homem (na nossa interpretação)


É freqüentes os conflitos sexuais na personalidade obsessiva e dos mais variados tipos de  perversões. Quanto maior a rejeição da mãe nos primeiros períodos de molde  maior destrutividade no ato genital quando adulto. Mãe hostil levaria, com mais freqüência, ao coito sádico e orgasmo precoce, orgasmo somente clitorídeo, fetichismo, estupro, pedofilia etc., Murphy et al. (1987) verificaram que além da testosterona, o aumento de vasopressina e oxitocina durante o orgasmo tanto em animais como no homem maior agressividade ao ato. Pasmem só, este fenômeno tão agressivo transforma o ato de amor em “sexo objeto” tão prejudicado a nossa civilização.(figura 8).
Por outro lado, se o defeito estrutural genético for na Crista de Waldeyer, poderá causar transexualismo (para melhor compreensão, consultar o nosso trabalho, Miller de Paiva, 1990).

  Mecanismos da psicopatologia das obsessões:

Reprogressão: é a regressão para posterior alcance da  progressão,por exemplo.: quando o animal nasce, imediatamente anda diferentemente do ser humano que leva 1 ano para aprender a caminhar. Este fenômeno é resultado de mutações do cérebro humano que sofreu este processo de evolução (maior desenvolvimento do cérebro pré-frontal, maior desenvolvimento da conexões dendríticas, melhor capacidade bioquímica dos neurônios e configurações do superego- característica do  hominidae).

O Mito do eterno abandono (Miller Paiva,1981)

A dependência concorre para aumentar o medo de ser abandonado, sentimento de não estar preparado para enfrentar a vida, carregando o Mito do Eterno Abandono como conseqüência da falta de amor, especialmente do bebê que não recebeu reverie, dedicação e afeto da mãe. O indivíduo reage a este abandono através da  repetição compulsiva.

Repetição Compulsiva

A repetição compulsiva é ansiedade, associada a uma dependência do objeto primário, que reativa a mais arcaica situação de inveja. O ódio e  a ambivalência resultante desta situação-que, enevitalmente, se  converte em culpa e depressão torna-se intolerável. A repetição parece sobrepor o princípio do prazer. Na doença do neutro,  o paciente necessita repetir a sensação de ser abandonado novamente, usando toda a sua agressão contra o analista: a necessidade de ser abandonado mais uma vez (Miller Paiva, L. 1994).

Período de molde

Os períodos de molde ganham mais e mais importância na formação da  personalidade e principalmente em constituição agressiva. Nós, psicanalistas podemos observar o comportamento assassino originário dos traumas nos períodos de molde, todavia, suficientes casos para entendermos a mente assassina.

O estudo de 4.269 nascimentos, executados pelos pesquisadores de Los Angeles e Dinamarca mostrou que crianças tendo sido rejeitadas pela mãe e tiveram traumas do nascimento, cometem violentos assassinatos durante a adolescência (idade de 18 anos, no pique da curva estatística) (Reine et al., 1994).Esta estatística estudada por Mednick (1994) vem confirmar as nossas observações clínicas- a importância do amor e  segurança nos períodos de molde.

Desde que o pensamento está ligado a sexualidade, o aparecimento da sexualidade destrutiva é freqüente, principalmente aos obsessivos devido a esses conflitos da infância e das recepções metabólicas estarem alteradas nas sinapses. O desejo é um fenômeno que tende acentuar a falta básica e consequentemente, ao sentimento de castração, quando a criança experimenta a separação da mãe. A criança  imagina ser o falo da mãe, isto é ser o desejo do desejo da mãe ( Lacan, 1985). A necessidade da criança que resulta de tensão intensa não é desejo; é a preparação através da célula primitiva, memória não  conscientizava localizada nos núcleos basais do cérebro ( na idade de 1 a 3 anos).O conflito da memória processual ou primitiva, por falta de reverie são os principais produtores das doenças psicossomáticas e desordens do  comportamento agressivo. O quadro de Salvador Dali em “ Persistência da memória” esclarece satisfatoriamente como a memória por traumas, persiste desde a fase fetal.(figura nº9)

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Figura 9-Segundo nossa interpretação-persistencia da memória dos 0-3 anos de idade .

V- MECANISMO ETIOPATOGÊNICO DAS OBSESSÕES E TRATAMENTO

Qualquer sentimento pode ter manifestação bioquímica, podendo não ser perceptível pelos métodos atuais de pesquisa. Anos atrás somente a emoção era considerada como produtora de manifestações bioquímicas, das quais resultavam a taquicardia, dispnéia, sudorese, etc.; todavia, estes sentimentos, acarretando alterações enzimáticas, hormonais, quando constantes, podem produzir alterações  patológicas, como sói ocorrer na  aterosclerose, hipertensão, câncer (certos tipos), doenças auto-imunes,etc.aliás,neurônios cerebrais através da tomografia computadorizada “ high-speed” digital eletrônico mostram como os alucinogênios podem  causar alterações estruturais o que vem  confirmar a fragilidade do ego.(ver figuras 10 ab). Parece que certos obsessivos  “esclerosam” as sinapses daí a sua “poda”,  prejudica a saúde. (Ela deve ser corrigida quanto antes). Por este mecanismo psicopatológico é que podemos explicar a dificuldade de melhoras dos sintomas obsessivos e principalmente diante dos cerimoniais repetitivos na política, na religião e na ciência

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Figura10 a- Pensamento de indivíduo normal Figura 10 b- Pensamento esquizofrênico segundo Peterson.,T. (1986)

De maneira sumária, o mecanismo psicopatológico na  ansiedade seria: os conflitos conscientes e inconscientes atuariam através do cérebro visceral, (ver figura 11) principalmente pelocérebro reptiliano, amídala do hipocampo, núcleos do tronco cerebral e do prosencéfalo (que liberam monaminas e peptídeos) através dos  circuitos de  Papez e sistema retículo-endotelial, que acabam alterando o modo de processamento de inúmeros outros circuitos cerebrais desencadeando determinados comportamentos (Damásio,2000)por  estimular hormônios e sintomas do simpático e do parassimpático, o primeiro para a “luta ou fuga” por intermédio das norepinefrina e  epinefrina, e o segundo para as defesas regressivas e de conservação, principalmente por meio dos neuropeptideos Achados recentes (Miguel,1996) mostram aumento da oxitocina no T.O .C. e ausência do aumento da arginina-vasopressina. Por sua vez, todas estas substâncias voltariam ao cérebro, principalmente no sistema límbico, nas zonas pré-frontal e TOP, produzindo parte dos sintomas ansiosos e obsessivos.É a perda de segurança e de controle, acarretando “o medo de ter medo”, levando-o a evitar entrar em  contato com o objeto perigoso. A fobia ou no pânico que medo irracional, isto é, sem lógica, própria do Homo Mythicus, tais como o medo da barata, borboleta, etc. Há certa fobia baseada em acidente real, tais como ter sofrido estupro, roubo, desastre de automóvel, etc.; é a chamada fobia pós-traumática.As obsessões compulsivas são decorrentes, também, de culpa por fantasias inconscientes e “obrigadas” a serem executadas, apesar de saberem que se trata de um absurdo (lavar as mãos inúmeras vezes, por medo de  adquirir infecção ou contaminar outras pessoas).O quadro nº 1 nos mostra o comportamento dos diversos transmissores e hormônios durante a crise de pânico.
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Figura 11-Núcleos do hipotálamo anterior e posterior a amídala

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Figura 12-Nucleos da base (patamen,pálido,caudado e lócus Coeruleos)


Como seria o tratamento no sentido de evitar os pensamentos obsessivos?
Na crise de pânico e na ansiedade, não se deve usar, de imediato, a clomipramina, pois esta levaria 15 a 20 dias para tonificar o sistema nervoso (e, principalmente, a zona do lócus Caeruleus).
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Figura13-Locus Caeruleus, adaptado de F. Netter


Para o tratamento crônico da síndrome de pânico,utilizamos a clomipramina- 10mg ao dia, é de grande  utilidade, se  associada a uma benzodiazepinona (tipo lorazepan-2mg, duas a três vezes ao dia, ou bromazepan- 3 a 6 mg duas  a três vezes ao dia).

Esta medicação faz a síndrome de pânico desaparecer em 15 a 20 dias ou as crises tornarem-se de  menor intensidade, porém uma vez suspensos os medicamentos, os sintomas retornarão.

As benzodiazepinas aumentam a influência inibidora gabaérgica sobre outros neurônios como os dopaminérgicos da substância nigra, células de Purkinje no cerebelo, os serotoninérgicos, nos núcleos da rafe do pedúnculo cerebral, e os neurônios noradrenérgicos, nos lócus caeruleus e, finalmente, no cérebro reptiliano.

A canalização interna dos neurônios é de capital importância. Alguns dos canais iônicos ocasionam excitação: isto ocorre, em geral, como aqueles que transportam sódio, cálcio e potássio. Em contraposição, os canais de cloro transmitem mensagens inibitórias, que atenuam a excitação.O diazepan abre muito mais canais de cloro, permitindo maior fluxo do íon-cloro ver (figura 14).
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Figura 14 - Modelo hipotético do receptor benzodiazepina – GABA – Canal de cloro (Haefely, 1984 apud Prado de Carvalho)


Pela nossa experiência com portadores de psicose maníaco-depressiva, na fase  de depressão o cortisol, aldosterona, deidroepiandrosterona e fenilglicol permanecem ainda em índices pouco acima dos normais.(Miller Paiva, 1994). O mesmo fato pode ocorrer após a tiroidectomia em pacientes portadores de  Graves-Basedow (t3-tirotoxicose).

A adenilciclase, formando a  adenosina monofostato (cAMP), o que vai determinar a síntese protéica, para continuar a transmissão.

O receptor D1, para dopamina, aumenta o cAMP e o D4 não faz aumentar; todavia este age na esquizofrenia, principalmente, no núcleo caudato e no accumbens (figura 14). 

Os antipsicóticos, tais como a olanzapina e risperidona, atuam através da dopamina (D4) nestes núcleos e, por sua vez, melhoram também certos sintomas obsessivos.

Um novo antipsicótico o aripiprazol (Abilify) derivado da quinolina é um agonista parcial (que não significa efeito parcial), atuando na via mesolímbica como antagonista dopaminérgico, melhorando os sintomas negativos, cognitivos e levando a uma estabilização (moduladores) dopaminérgica-serotoninérgica, que atua , também (alta afinidade) pelos subtipos dos receptores serotoninérgicos 5HT1 e 5HT2, acarretando, também atividade ansiolitica e antidepressiva.

aripiprazol além de normalizar prolactina, tem pequena atividade pelo receptor H1 da histamina o que lhe confere baixo potencial de ganhar peso (obesidade) e sonolência, ao contrário, portanto, da olanzapina. Os resultados terapêuticos na esquizofrenia tem sido animadores por não produzir a impregnação, quando em doses de 15 a 30 mgs, diariamente, porta longa meia vida (75L); produz discinesia tardia na disfrenia, excepcionalmente. Levodopa e anfetamina liberam D1 e D2. A cafeína sensibiliza os neuroreceptores da adenosina no lócus caeruleus.
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Figura 15-Núcleos caudado e accumbens contendo neurônios colinérgicos e gabaérgicos que controlam a liberação da dopamina, segundo Graeff, F. e Brandão, M. “Neurobiologia das doenças mentais” Edit. Lemos 1993.


As substâncias agonistas diretas(dopamina,bromocriptina) estimulam a adenilciclase e produzem angústia e as substâncias antagonistas (clorpromazina, haloperidol e sulpiride) inibem a adenilciclase aliviando a angústia das ansiedades psicóticas.O lítio é potente e específico inibidor da fosfatase que atua no fosfatideinositol, mensageiro neuroquímico da  serotonina, que, como a proteína quinase C, fazem parte do mecanismo do ACTH. Este fato vem reforçar a  importância do sistema cAMP e explicar como a olanzapina e risperidona melhoram a obsessão.

Há, sem dúvida alguma, a necessidade do uso da psicanálise ou da grupanálise para combater as causas que são oriundas da infância, nos períodos de molde (um a sete anos de idade). Em nossa experiência, a etiologia principal é a fantasia inconsciente de agressividade intensa aos pais, ou outros entes queridos. Os doentes não têm consciência destas fantasias, pois são profundamente inconscientes. É difícil de ser entendida pelos psiquiatras e clínicos sem conhecimento da psicodinâmica. A psicanálise e grupanálise levam meses ou anos para solucionar estes conflitos, motivo pelo qual a maioria dos pacientes não se submete a esta terapia. A aplicação da técnica de transferência durante a terapia torna-se muito difícil; ao contrário é freqüente  o aparecimento da transferência misconceptiva que uma vez controlada e bem  executada é, ainda, o melhor tipo de tratamento para os obsessivos graves.

As ansiedades das depressões reativas ou episódio depressivo leve (F.32) (perda de ente querido), não necessitam de medicamentos antidepressivos; quando muito hipnótico ou um benzodiazepínico. É indispensável ao clínico geral orientar-se bem no diagnóstico do transtorno depressivo para a sua eficácia terapêutica isto é, saber se a depressão é neurótica ou transtorno depressivo recorrente moderado (F.33.1) ou ainda psicótica (endógena uni ou bipolar ou esquizofrênica). No caso de episódio depressivo o clínico poderá tratar (ver figura 16), mas se for endógena ou esquizofrênica deverá enviar ao especialista. Todavia, segundo a nossa experiência, os seguintes testes são úteis para o diagnóstico diferencial (ver quadro 2).

Na depressão psicótica o aumento de deidroisoandrosterona é sinal de que as drogas antidepressivas terão dificuldade de agir (figura 17).

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Figura 16-Estado depressivo com ansiedade


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Figura 17-Excreção do de-idro-isso androsterona nas depressões psicóticas.


Nas depressões geriátricas ou nos cardiopatas ou nos transtornos depressivos brandos, os antidepressivos mais aconselháveis e ainda assim em pequena dosagem seriam: fluoxetina (20 mg diários), moclobemida (150 mg diários) e mirtazapina (30 mg diários), embora estas substâncias possam causar diversos sintomas secundários. Observa-se que a aminotriptilina tem potência  colinérgica central 10 vezes maior que a impramina. A dextroanfetamina melhora a disposição do paciente, mas não tem ação duradoura por não possuir propriedades anticolinérgicas. A mirtazapina (Remeron 30 mg) tem pouca ação anticolinérgica, porém, recapta a serotonina e bloqueia os receptores adrenérgicos alfa-2-pré-sinapticos, daí a sua maior prescrição nos cardíacos idosos. A fisostigmina é capaz de inverter os estados maníacos.

Os casos graves podem melhorar segundo a nossa experiência com a olanzapina (2,5mg 2x ao dia aumentando a dosagem de modo paulatino), e recentemente pelo aripiprazol (15 a 30 mgs). O neurótico obsessivo, principalmente quando portador de pânico, apresenta um ego esburacado por ter faltado como já vimos, a matriz de confiança materna acarretando um frágil centro de sustentação.

Por deficiência de reverie da mãe  não há sustentação básica interna, mas o próprio centro de  sustentação é também, deficiente, pois ele se ataca  fragmentando seu self.
Grotstein (1991) fala em cimento de sustentação. A personalidade do obsessivo é frágil e não suporta as emoções saturadas de  violência por sentirem como sinais de catástrofe, motivo pelo qual os obsessivos abandonam com freqüência  a terapia.

A confirmação desamparo (realidade catastrófica á impossibilidade de lidar com o processo de viver; quanto maior for o contato emocional, maior será o esvaziamento, pois a dor mental sentida seria como fosse explodi-lo ou implodi-lo, sendo maior o seu esvaziamento, é a poda das sinapses (pruning). A sua parca resistência é por ter tido a vida inteira insuficiência ontológica o que acaba por enfraquecer o seu cérebro reptilíneo. Por vezes, como defesa, necessita a paralisação da mente  e até do corpo- é a rutura com a vida, a morte em vida ou o morto vivo ou doença do  neutro.

VI- FANATISMO E TANATISMO

O fanatismo, seja religioso ou científico, é alteração mental devido a má estrutura do cérebro reptilíneo, similar a “poda da sinapses”, todavia o cérebro nunca para de criar mais circuitos, daí a importância da psicoterapia, da farmacologia e da esperança de melhorar o comportamento da humanidade.

A“Poda de sinapses” é mais grave porque impede o indivíduo de estudar, e de fazer escolhas e crescer mentalmente.Então, para combatermos o Mito do Eterno Abandono, precisamos utilizar o Mito do Eterno Retorno especialmente como evitar a transferência misconceptiva que é de importância capital. O terapeuta deve fornecer muito Eros terapêutico, afeto, carinho, reverie, principalmente segurança afetiva- aquilo que os seus pais não lhe deram, porém utilizando-se sempre da educação baseada em “ mão de ferro em luva de pelica” aonde não deve haver agressividade e, evidentemente associado ás drogas psicoterapicas (triciclicas, benzodiazepinas, fuvoxamina, sertralina e atualmente a olanzapina, a risperidona e aripiprazol). Só assim enfrentaremos os conflitos profundos do paciente: a sua insatisfação pela vida, sua indiferença, doença do neutro, a autodestruição, neurose de sucesso, o caos, o sem sentido, a aspiração do nada, o nihilismo. Outrossim, evitaríamos a pulsão destruidora,tal como no caso do escorpião que pediu auxilio ao sapo para atravessar o rio: “ mas você prometeu não me picar... “É não posso fazer nada, é o meu instinto”!  O mesmo se passa com o povo imperialista e conquistador”...

Precisamos combater o instinto de morte. Tudo isto pode ser tratado pelo bom senso humano também, além da técnica psicanalítica evitando nesta a transferência misconceptiva  que é de importância capital na qual se acentua o aparecimento do “holding winnicottiniano, o aumento da sustentação grotsteiniano e do “portance” de Quinodoz (1993), que é a capacidade de suportar e elaborar a angústia de separação, isto é, perdoar, realmente, os pais pelas fantasias inconscientes que  existiram e tornaram o “hominidae” infeliz. Por outro lado, encontrar e enfrentar a matriz mais profunda de tal necessidade basilar da espécie humana como suporta ao medo, ao temer de alguma coisa mais primitiva, anterior ao que foi recalcado, segundo os conceitos de Ferro (1998) e de Bion (1979) quanto a existência na psique de “ medos sub-talâmicos”. 

Pelos conhecimentos antropológicos, farmacológicos (aplicação eficaz das drogas)* e grupanálise, precisamos também da ciência sociológica.É evidente importância do estado de saúde do cérebro reptíliano, e ainda mais a repetição compulsiva no cão quando se  joga algo e ele traz de volta, inúmeras vezes; ele, cão; deixará de trazer se dermos a fluoxetina pois tonificará seu cérebro reptíliano.Poder-se-ia pensar em prescrever os fármacos para toda a humanidade para assim evitarmos os conflitos, guerras etc, pois fortaleceríamos os neurônios e suas sinapses!*Esta atitude seria ilusória; todavia, se pudéssemos educar os pais para que os filhos tivessem bons pensamentos,talvês  poderíamos  evitar o fim da nossa civilização, principalmente se surgisse concomitantemente,um novo líder espiritual, com grande poder carismático. Esta situação nos levaria a nossa salvação, e evitar-se-ia a Ekypirosis.
N *Como sugere Kustler (1969).

Outrossim, se evitássemos as obsessões existentes na humanidade, decorrentes de excesso de culpa por simples fantasias inconscientes como sói ocorrer nas atitudes dos religiosos sejam católicos, evangélicos ou mussulmanos (identificando com Jesus para se purificarem, o que é útil, mas que exageram as verdades da Bíblia utilizando de suas interpretações metafóricas); os judeos religiosos seguindo, por fatores inconscientes, o ensinamento de defender a Terra Santa através do mito de Chanãa (pois poderiam construir o Estado de Israel em  Kenia ou Amazonas e deixar a capital na Palestina), mas persistem masoquicamente a voltar ao espaço de terra dito pelos seus ancestrais, finalmente, os pensamentos obsessivos evitados não haveriam as mortes de pessoas em revoltas como Belfast ou no Afeganistão.

Nós somos “excessivamente inocentes” devido os grandes líderes sempre colocarem o “dinheiro-petroleo- ouro” acima de  tudo e de todos, pois eles “mantém” as revoluções e guerras para vender armamentos e manterem o masoquismo da humanidade, deixando de lado a mantença da higiene física e mental além da subnutrição de milhares de pessoas.

Os cientistas sabem portanto como evitar o fim da civilização. Esta  orientação tão antiga, mas tão sábia é a  de Marcos (XI, 22-24) “acreditem na fidelidade de Deus”.

“Em verdade vos digo que alguém dirá a esta montanha: ergue-te e lança-te no mar... Se o” homem não duvidou e acreditou que pedistes rezando, servos-á concedido. A fé, neste contexto, como aliás em  muitos outros, significa a emancipação absoluta de todos a 
espécie de lei natural, isto é, evitar-se a mantença da personalidade obsessiva por erros de educação e, por conseguinte fornecer maior liberdade que o ser humano pode imaginar: a de poder participar, no próprio estatuto ontológico do universo. Ela é, portanto, uma liberdade criadora por excelência, isto é, ela constituí uma nova forma de colaboração do homem na  criação, a primeira, mas, também, a única que surgiu depois de  ultrapassado o horizonte dos arquétipos e da repetição.

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Figura 18 - Magritte "Condição Humana".


Assim teremos o predomínio do Amor e da Virtude Moral devido ao conhecimento das verdadeiras causas da Ekypirosis, que são as fantasias inconscientes destrutivas que precisam ser evitadas pela educação é o equilíbrio vital (ver figura nº 18 Magritte).

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