Prefácio

Este livro começa com uma consideração filosófica sobre a vida: Adão, proibido de comer o fruto da árvore do conhecimento, símbolo da intelectualização, e enfrentando os enigmas da esfinge, o mito de Babel, enfim, impedido de buscar a verdade.

Desde o início do mundo, o homem dominou a mulher, tornando a sexualidade confusa, sendo por isso expulso do paraíso. Daí, as leis da primeira civilização, em que sumérios e babilônicos, regidos pelo rei Marduk, estimularam o suicídio coletivo – isso há 2500 anos a.C., evidenciando o já existente “instinto de morte”.

Com o evoluir da sociedade, descobriu-se pela psicanálise que as inúmeras causas de destrutividade humana (guerras, criminalidade, falecimento, dentre outras) foram devidas, principalmente, à existência das fantasias inconscientes, produtoras de tantos males, sejam nos conflitos familiares, sejam nos sociais.

As religiões ajudaram a educar a humanidade, porém, seu êxito não foi completo.

Este livro tende a mostrar os erros praticados pela educação deficiente, desde a vida intrauterina; e, diante de tudo isso, poderia se evitar a catástrofe da Ekypirosis.

A genética nos tem proporcionado conhecimento satisfatório no estudo da conduta humana, social e emocional, embora há 2500 anos a.C. já houvesse pesares e irreverências.

Para tal aspiração, buscamos o conhecimento da vida intrauterina, da vida íntima dos grandes cientistas, filósofos, escritores e pintores clássicos, principalmente aqueles que a utilizaram, sem tomar conhecimento de suas próprias fantasias, seja na execução de suas tarefas ou na vida real, revendo as fantasias que moldam o ser humano.

Contudo, tivemos boas intenções no nosso propósito, embora os contextos deste livro sejam aleatórios, imprevistos e ocultos. A nossa intenção é a de ajudar os nossos colegas a meditarem sobre os nossos propósitos e, sobretudo, sobre as atitudes dos nossos contemporâneos.

Como bem diz Kahlil Gibran (1975):

Ontem, queimávamos incenso ante os ídolos e oferecíamos sacrifícios aos Deuses enraivecidos. Mas, hoje, queimamos incenso e oferecemos sacrifícios ao maior e mais belo de todos os Deuses que ergueu seu templo em nossos corações.

Ontem, reverenciávamos os reis e nos curvávamos ante os sultões, mas hoje, não fazemos reverências senão ao Direito e seguimos somente a Beleza e o Amor.

Ontem, homenageávamos falsos profetas e mistificadores, mas, hoje, o tempo mudou e, repare, ele nos mudou também. Podemos ficar olhando o sol, ouvir canções do mar e nada pode nos abalar.

Ontem, demolimos os templos de nossas almas, mas, hoje, nossas almas retornaram aos altares sagrados, dos quais os fantasmas do passado não se podem aproximar.

Éramos minúsculas faíscas embaixo das cinzas; hoje, somos ardente fogo, queimando sobre o topo do vale.

Passamos muitas noites de insônia, tendo a terra como travesseiro e o frio como cobertor.

Estes anos passaram como lobos entre os túmulos, mas, hoje, os céus se clarearam e podemos descansar em paz sobre as camas divinas e convidar nossos pensamentos e sonhos, e assim envolver nossos desejos, segurando com dedos firmes as tochas que tremulam à nossa volta, podendo falar ao espírito com palavras claras. À medida que os coros dos anjos passam por nós, eles se tornam inebriados com os desejos de nossos corações e hinos de nossas almas.

Ontem, nós éramos, hoje, nós somos!

Cumprindo um dever à minha família e a mim, poderei dizer como S. Paulo, o apóstolo dos gentios: “Combati o bom combate, terminei a carreira e guardei a fé”.